Na luta pela igualdade de gêneros, as mulheres estão conseguindo espaço em mais um mercado tradicionalmente dominado pelos homens: o dos investidores financeiros. E, apesar de culturalmente inexperientes no quesito investimentos – afinal, até algumas décadas atrás, os responsáveis pelas finanças da casa e pelos negócios eram os pais ou os maridos -, elas têm se saído muito bem quando decidem aplicar dinheiro no mercado financeiro ou em novos negócios.
Um estudo publicado este ano pelo grupo de investimentos americano Fidelity mostra que as mulheres acabaram ganhando mais dinheiro do que os homens em seus investimentos, tendo obtido, em média, retorno 0,4 ponto percentual ao ano superior ao deles, entre 2011 e 2020.
Há algumas razões que explicam isso, como, por exemplo, o fato de elas fazerem menos movimentações — ou menos trades de curto prazo — em seus investimentos. Isso leva a duas consequências: operando com maior cautela, as investidoras têm mais tempo de recuperar eventuais perdas sem realizar o prejuízo e os custos de taxas são menores, não prejudicando o desempenho total.
Se joga!
O que ainda falta às mulheres para dominar esse mercado é justamente se arriscar mais. Muitas têm recursos para investir, mas se retraem porque acreditam não ter o conhecimento necessário do mercado financeiro para fazer parte do ‘Clube do Bolinha’. A falta de confiança em si mesmas se traduz no medo de perder o patrimônio e na percepção equivocada do risco, gerando uma ‘bola de neve’: quanto menos confiam em seu taco, menos buscam informações que as ajudem a investir; e quanto menos conhecimento elas têm, menor a confiança em si próprias.
Para reverter esse quadro é importante, antes de mais nada, a união de forças entre as mulheres que já estão nesse barco e as que têm interesse em embarcar no risco. É preciso que as investidoras formem os seus ‘clubes da Luluzinha, criando uma rede sólida e segura na qual possam obter informações, trocar experiências e evoluir em seus propósitos, arriscando-se mais com maior segurança.
Juntas somos mais fortes e nos tornamos mais confiantes, nos permitindo voar cada vez mais alto e mais rápido. .Isso pode soar como clichê, mas é o que temos comprovado acompanhando a evolução de iniciativas como o Sororité, comunidade brasileira de investidoras anjo que tem como foco fomentar startups criadas e/ou lideradas por mulheres. Em menos de um ano, o grupo já conseguiu reunir mais de 50 investidoras, tendo aplicado R$ 1,5 milhão em cinco novos negócios de sucesso baseados na tecnologia e inovação alavancados por empreendedoras.
As mulheres, culturalmente, são fortes agentes multiplicadores. Ao aprenderem a aplicar melhor seu dinheiro, elas compartilham isso com sua família e amigas, montam seu patrimônio e garantem a sua independência, aumentando, por sua vez, o percentual de mulheres investidoras. E a sociedade inteira é impactada positivamente por isso.
Elas já demonstraram que, com mais confiança em si mesmas, poderão dominar o mercado de investimentos. E quanto mais diversidade tivermos no mercado, mais é possível financiar modelos inovadores que vão fornecer soluções para pessoas diversas também.