*Por: Pedro Prado, CEO & founder da LogShare, startup membro do Cubo Itaú
A ideia da colaboração, como uma disposição genuína para compartilhar recursos e somar esforços, vem transformando a maneira como vivemos e percebemos as relações econômicas.
Essa, aliás, é uma tendência confirmada por uma pesquisa recente feita em 60 países pela Nielsen Company, revelando que duas em cada três pessoas estão dispostas a compartilhar ou alugar algo seu.
Jeremy Rifkin em seu último livro “A Sociedade do Custo Marginal Zero: A Internet das Coisas, os Bens Comuns Colaborativos e o Eclipse do Capitalismo” acredita que a colaboração é a chave para o futuro da economia e que a noção de propriedade privada está cedendo espaço para uma abordagem mais compartilhada.
O autor vê também a colaboração e a economia dos bens comuns como uma resposta aos desafios da escassez de recursos e da degradação ambiental.
O compartilhamento passa a ser tendência
A economia compartilhada vai crescer significativamente nos próximos anos à medida que a população global se torna cada vez mais interconectada. O consumo colaborativo e o compartilhamento de ativos se tornarão a norma e continuarão a transformar indústrias como transportes, imóveis, viagens e turismo e muitas outras.
Além de aproveitar bens materiais, a economia compartilhada também abraça a ideia de utilizar as experiências e habilidades dos indivíduos e de seus modelos de negócios.
Podemos esperar um aumento na predisposição ao compartilhamento conforme mais indivíduos se conscientizem dos benefícios da economia compartilhada e da facilidade gerada por tecnologias inovadoras – plataformas que facilitam o acesso a bens e serviços, ïtens ociosos, recebendo uma vantagem financeira em troca.
Os benefícios da colaboração B2B
A colaboração representa um valor estratégico para muitas empresas, não importando seu tamanho ou o setor em que atuam. Ela gera aproximação entre organizações a fim de resolver desafios que seriam difíceis de se alcançar isoladamente.
Ao combinar esforços e conhecimentos entre diferentes organizações, empresas com pensamento colaborativo se tornam mais capazes de inovar, crescer e tornar-se mais competitivas.
A seguir, alguns pontos relacionados a colaborações bem-sucedidas entre organizações:
- Melhoria na eficiência: Parcerias B2B conseguem aperfeiçoar os fluxos de trabalho ao permitir o compartilhamento de recursos e de conhecimento com seu parceiro. Isso ajuda a reduzir custos, otimizar operações, responder com mais agilidade a picos de demanda e fortalecer o desempenho.
- Credibilidade aprimorada: Fazer parceria com empresas de boa reputação ajudam a fortalecer a própria credibilidade e posição no mercado, facilitando a atração de novos clientes.
- Ampliação do alcance: Ao estabelecer parcerias com outras empresas, podemos expandir nosso alcance e acessar novos mercados. Isso pode auxiliar na expansão de negócios e no aumento das vendas.
O desafio de desconstruir a competitividade na logística
Segundo Nestor Felpi, diretor de logística com experiência em empresas como: Avon, Natura, Philips, Clorox, P&G e investidor em projetos de inovação no setor, diz: “a área de logística não deve ser terreno de competição entre embarcadores“.
A colaboração pode assumir várias formas e sim, podemos construir uma rede de maneira que permita às empresas se complementarem sem arriscar sua participação de mercado.
Um exemplo prático é um ecossistema de logística colaborativa confiável conectando embarcadores e transportadoras. Por meio de uma plataforma online B2B estas empresas conseguem compartilhar a capacidade ociosa no retorno de seus veículos de transporte. (Backhaul logístico)
É importante destacar que uma execução compartilhada não é isenta de limites claros. O foco em atender melhor às necessidades dos clientes, com desempenho e produtividade elevados, requer um gerenciamento eficaz dos riscos, o que gera aprendizados valiosos para operar em “coopetição” (competição cooperativa).
Selecionar cuidadosamente os parceiros B2B certos com base na expertise da indústria, valores e alinhamento de público-alvo, torna-se essencial para administrar uma competição saudável desfrutando dos benefícios de recursos compartilhados.
Destacamos a seguir, dois temas que frequentemente causam atritos e resistência em relação à disposição de se compartilhar recursos e ativos.
Pouca confiança entre empresas
A confiança é o pilar essencial de parcerias sólidas. Para construir e fortalecer essa confiança, é fundamental criar um ambiente onde os compromissos são cumpridos, as promessas são mantidas e a comunicação é uma constante.
E como se alcança isso?
Respeitando a confidencialidade e protegendo a propriedade intelectual de seus parceiros. E também, valorizando a expertise, as contribuições e as perspectivas que seus parceiros trazem para a colaboração.
Incompatibilidade de sistemas
Enfrentar dificuldades de integração é uma das complexidades que podem surgir no âmbito das parcerias B2B. Quando se trata de unir processos, dados e principalmente sistemas que funcionam de maneira distinta, isso pode se tornar um desafio significativo devido à falta de padronização dentro da indústria.
Cada empresa opera com seus próprios sistemas, processos e formatos de dados exclusivos, o que cria uma barreira entre as partes interessadas.
As empresas se veem incapazes de lidar com diferentes formatos de dados e protocolos de maneira cooperativa, o que afeta negativamente sua capacidade de firmar parcerias eficazes.
Portanto, adotar a tecnologia integradora adequada e direcionar esforços para a gestão de dados e segurança são os fundamentos cruciais para vencer os desafios da integração B2B.
Conclusão
O mundo está vivendo um momento em que todos querem se sentir úteis e descobrir seus propósitos – e estes, “podem ser encontrados na colaboração”.
Ao colaborar com parceiros de mentalidade semelhante, empresas podem criar relacionamentos em que todos saem ganhando em termos de vantagem competitiva, produtividade e sustentabilidade.
A colaboração logística desponta como uma estratégia funcional para mitigar desafios operacionais, especialmente dentro do setor de transportes, ampliando as possibilidades de ação ao otimizar a gestão de recursos, reduzir custos operacionais e apoiar compromissos com a descarbonização.
Aprender a “coopetir” por meio de um planejamento e coordenação conjuntos é a rota certa para operações de sucesso entre agentes com protagonismo para transformar a cadeia de suprimentos e liderar um futuro mais produtivo e sustentável.