*Por Rodrigo Tognini, CEO e cofundador da Conta Simples
Hoje, 27 de junho é comemorado o Dia Internacional das PMEs. Criada em 2017 pela ONU, a data visa reconhecer os pequenos e médios negócios que representam 90% das empresas no mercado e mais de 50% dos postos de trabalho no mundo. Mesmo com números tão expressivos, existia um tabu para os empreendedores obterem crédito em grandes instituições financeiras.
Quando comecei a minha jornada empreendedora, senti na pele a frustração de navegar em um sistema financeiro que testava a resiliência de qualquer PME (Pequena ou Média Empresa) e startup. Antes, processos engessados, pouca transparência e uma burocracia extrema consumiam tempo e dinheiro preciosos para o negócio. Felizmente, temos visto essa situação mudar — ainda que haja um longo caminho para evoluir.
Principalmente por conta da ascensão das fintechs, a inovação no setor tirou a dependência de bancos tradicionais e expandiu o mercado com serviços mais ágeis e personalizados. Marcos regulatórios como o Open Finance, a emissão de múltiplos cartões corporativos, atendimentos automatizados, diversificação de métodos de pagamento e a facilidade para acessar crédito são só alguns exemplos dessa transformação.
Em resumo, a complexidade de abrir uma conta PJ (Pessoa Jurídica) diminuiu, a velocidade para realizar operações aumentou e a oferta de soluções que “falam a língua” do empreendedor se multiplicou. No entanto, com essa mudança também vieram novos — e complexos — desafios, que resultam em um ponto em comum de várias empresas em fase de aceleração: o tabu da ineficiência na gestão financeira.
Do ineficiente para o estratégico
Quando pensamos no aumento do acesso a múltiplas contas e formas de pagamento, é possível enxergar avanços? Definitivamente sim, mas como consolidar essas informações? Como garantir que a velocidade transacional se traduza em inteligência? Como crescer de forma sustentável? A resposta para todas essas perguntas está na transição para uma gestão financeira estratégica.
Dados do “Panorama da Gestão de Despesas Corporativas no Brasil”, que produzimos na Conta Simples em parceria com a Visa, revelam que, apesar dos avanços tecnológicos, 65% das empresas ainda usam planilhas para registrar gastos, e 39% recorrem a cadernos. Isso se traduz em cerca de 21 horas semanais de trabalho manual, ineficiência que o mercado muitas vezes finge que não existe.
O tabu financeiro também se manifesta quando, mesmo com as soluções disponíveis, 45% das organizações preferem manter a gestão “do jeito que sempre fizeram”. A percepção de custo alto (44%) ou a complexidade de integração ainda são barreiras. O resultado é uma rotina operacional desgastante, que aprisiona profissionais qualificados em tarefas repetitivas e com baixo impacto no negócio.
Quebrar esse ciclo de ineficiência é justamente o nosso propósito. Um exemplo prático é a Lemon, startup do setor de energia renovável, que, ao centralizar sua gestão financeira na Conta Simples, ganhou até 2 horas diárias em produtividade. Mais do que eficiência, a organização gerou um nível de transparência que fortalece a governança e a torna mais atrativa para investidores. É essa combinação de software robusto, crédito flexível e suporte estratégico que permite à Lemon focar no seu crescimento.
Isso prova que o futuro do sistema financeiro não está apenas em mais players ou em transações mais rápidas, mas na capacidade de oferecer um sistema operacional completo. É preciso ir além do básico e incorporar funcionalidades amplas de gerenciamento ao dia a dia, como ERPs integrados, ferramentas de previsão de fluxo de caixa em tempo real e plataformas de gestão de despesas que proporcionem organização, controle e inteligência.
O próximo passo é transformar dados financeiros em insights acionáveis por meio da automação, permitindo que o empreendedor tome decisões melhores, desde a negociação com fornecedores até a precificação de produtos e a alocação de investimentos. Só assim será possível enfrentar problemas que deixam muitas organizações em uma zona de conforto, deixando escapar grandes oportunidades.
Vamos acender a luz no quarto escuro e depois arrumar a bagunça. Olhar para a gestão financeira com mais atenção não é um gasto qualquer, mas um investimento com retorno direto na eficiência e lucratividade. Então vamos celebrar os avanços que já nos trouxeram até aqui, mas também caminhar para liberar o potencial integral de cada PME e startup que pretende inovar no Brasil.