Depois de alguns bons anos navegando pelas águas agitadas do mercado financeiro, posso afirmar com toda certeza: a transformação do setor não é mais uma tendência, mas uma realidade em curso. E no centro dessa revolução, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) vêm desempenhando um papel estratégico.
Cada vez mais, empresas de todos os setores correm para integrar soluções financeiras ao seu modelo de negócios. Não se trata apenas de inovação ou comodidade para o cliente, mas de uma necessidade real de liquidez e sobrevivência. Nesse contexto, os FIDCs emergem como o diferencial entre quem se antecipa às mudanças e quem fica para trás.
Com eles, as organizações não apenas solucionam questões imediatas de fluxo de caixa, mas também ampliam suas operações financeiras, como empréstimos e cartões de crédito, integrando novas soluções ao seu portfólio. Isso se traduz em um capital estruturado que dá suporte à expansão de suas atividades, permitindo, por exemplo, a oferta de novos produtos ou a melhoria dos processos existentes.
Outro ponto chave é o impacto positivo nas receitas recorrentes. Por exemplo, ao fornecer crédito, antecipação de recebíveis ou mesmo serviços bancários digitais, as empresas criam modelos de negócio baseados em comissões ou taxas recorrentes. Isso fortalece a base de receita e reduz a dependência de vendas de produtos ou serviços pontuais.
E não adianta vir com o papo de que “ainda não é o momento”. Enquanto você hesita, seus concorrentes já estão anos-luz à frente. Olhe para o Mercado Livre/Pago, com R$ 1,5 bilhão em carteira de crédito, ou o iFood/Pago, com impressionantes US$ 2,8 bilhões. O Mercado Livre financia vendedores de sua plataforma com recursos oriundos de FIDCs. Já o iFood garante crédito acessível para restaurantes parceiros, fortalecendo sua cadeia.
A Casas Bahia integra soluções financeiras à experiência de varejo com o BanQi e a Magalu usa o seu cartão e FIDCs para monetizar sua base de clientes. Esses líderes integram soluções financeiras diretamente em seus ecossistemas, ampliando sua oferta de produtos e fidelizando seus clientes
Eles não chegaram lá esperando o “momento ideal”. O cliente de hoje quer experiência, quer relacionamento contínuo. E quem não entender isso vai virar case de “como não fazer” nas escolas de negócio.
Quem já está de olho nessa movimentação há um bom tempo e tomou a dianteira foi a Genial Investimentos, que administra mais de R$ 100 bilhões, dos quais R$ 25 bilhões são só de empresas de tecnologia. Não é à toa que esse foi o primeiro banco do país a criar uma área de Corporate e Investment Banking focada em tecnologia. Enquanto outros ainda debatiam se blockchain era moda, a Genial foi o coordenador do primeiro ETF de criptomoedas na B3 da Hashdex captando +R$600M.
O trabalho não se limita a simples estruturas de financiamento. A empresa oferece soluções completas e end-to-end, acompanhando o cliente em todo o processo desde a estruturação a distribuição do FIDC.
Esse diferencial tem sido fundamental para empresas como o PagSeguro, com quem a Genial criou o primeiro fundo 24×7 do mercado, um exemplo de inovação sob demanda que consiste no recebimento dos arquivos e processamento automático das requisições sem parar. Dessa forma, o sistema trabalha de maneira assíncrona, com o fluxo de crédito se desenrolando de forma online. Nesse caso, o FIDC fez com que o PagSeguro escalasse suas operações financeiras e ampliasse a sua base de clientes de forma eficiente.
A Slice é outro importante player e parte desse movimento de Transformação Financeira do mercado. A empresa é provedora de infraestrutura tecnológica para finanças e seu grande desafio era conciliar grandes operações com muitos participantes envolvidos. O FIDC, então, funcionou como um acelerador para produtos financeiros dos grandes varejos e um veículo de escoamento de risco de crédito e viabilização de caixa para as varejistas.
Ao conciliar operações transacionais intensas de grandes varejistas e IFs no Brasil, como a Processadora de Cartões x ERP x Gestor do FIDC x Portador, notou-se que 40% das transações podiam conter divergências da maneira como estava sendo feitas. Esse era um problema que precisava ser corrigido, uma vez que afeta o aging da carteira, a inadimplência, a política de crédito (e, por consequência, o rating do fundo), o custo de captação e a remuneração dos cotistas.
Em algumas semanas implementando as mudanças a partir do FIDC, questões como essa começaram a ser endereçadas aos varejistas por meio de um relatório, que aponta as origens das inconsistências e, portanto, viabiliza a prevenção de problemas futuros como esse.
Tudo isso para dizer que: a transformação financeira não é opcional. Não é tendência. É a nova regra do jogo. E os FIDCs podem ser considerados cartas na manga, uma vez que bem estruturados, representam uma oportunidade de transformar desafios financeiros em uma vantagem competitiva.
A escolha é sua: quer ser o próximo case de sucesso ou prefere ser aquele exemplo que os consultores usam para mostrar como uma empresa pode se tornar irrelevante em tempo recorde?
O jogo está rolando. Cabe decidir se seu negócio vai fazer parte ou se vai apenas ficar olhando.
Responsável pela estratégia e jornada da transformação digital na Genial Investimentos. Tem + 17 anos de experiência no mercado digital como co-fundador de 3 startups (VTEX, Sapatino e WebPesados). Posteriormente, atuou como consultor de estratégia digital para grandes grupos como: Tracbel, Aliansce Sonae e Athie & Wohnrath e mais recentemente foi executivo do time de expansão do Marketplace na Amazon Brasil. Ele é formado em administração pela Babson College em´03 e mestre em Inovação, Estratégia e Marketing pela MIT (Massachusetts Institute of Technology) em ´17.