Coluna

Comportamento como métrica da efetividade do compliance

Foto: Canva
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O compliance tem conquistado protagonismo tanto nas organizações quanto na mídia. Finalmente o debate acerca da ética e da conformidade tomou conta da agenda de organizações. Entretanto, existe uma lacuna a ser preenchida  entre o comportamento das pessoas e a ideia do conformidade.  

O compliance tem como objetivo criar um conjunto de normas e condutas da empresa e de seus colaboradores e colaboradoras. Isto consiste, em sua essência, em apontar comportamentos esperados dentro dos espaços de trabalho e criar as condições (por meio de códigos, políticas, formações etc.) para que o maior número possível de pessoas se adequem ao conjunto de regras. 

À primeira vista, pode até parecer redundância falar em compliance comportamental. Mas ao observar o processo gradual de transformação que tem ocorrido ao longo dos anos, é possível perceber a sua importância. 

Na primeira geração do compliance, era suficiente e adequado demonstrar a existência da medida, como a existência de um Código de Conduta. Na segunda geração, era preciso dar mais um passo e mostrar a customização dessas medidas, por exemplo um Código de Conduta desenvolvido com base nas características específicas da organização. Na terceira, era necessário ir um pouco mais além e demonstrar o alcance da medida, como a apresentação do Código de Conduta para mais de 90% dos colaboradores em treinamentos internos. 

Contudo, todos esses processos não garantem que ocorra efetivamente uma mudança de comportamento nas pessoas colaboradoras. Experiências no Brasil e no exterior demonstram, claramente, que uma estrutura sólida de compliance não é garantia para que as empresas possam evitar desvios éticos. É só pensarmos nos grandes escândalos recentes de corrupção, nacionais e internacionais. 

Realidade cognitiva e comportamental

A verdade é que as medidas dos programas de compliance que não têm como pressuposto a realidade cognitiva e comportamental das pessoas podem não ser tão efetivas, ainda que existam, sejam customizadas e “peguem” na rotina da organização. Por isso, o compliance comportamental tem como enfoque a parte comportamental e a efetividade das medidas. 

Compreender o comportamento humano, conhecer sobre dicas práticas baseadas em conhecimento científico e a criação de uma cultura de testes dentro das organizações são algumas das medidas que podem ser tomadas para promover comportamentos íntegros.

Sabemos que, assim como ocorreu na transição entre as outras gerações do compliance, não se trata de um processo rápido ou linear. O importante é darmos o primeiro passo e começarmos a desenvolver cada vez mais o “olhar” sobre um compliance centrado não nas regras, mas nas pessoas.