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Descarbonização: é hora de tirar a poeira do mercado e agir

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Por Pedro Miranda, CEO & Founder da Abundance Brasil

Sabemos que o planeta Terra está sobrecarregado de gases poluentes e que estamos longe de ter um avanço real na descarbonização. O último relatório de emissões globais de CO2 da Agência Internacional de Energia (IEA) aponta o recorde de 37,5 bilhões de toneladas no setor de energia. Com isso, a concentração de carbono no ar ultrapassa os níveis considerados como seguros para manter o aquecimento global controlado abaixo de 2 graus Celsius. 

Basta olhar para todo esse cenário e ter certeza de que essa é uma urgênciafora todas as notícias climáticas que acompanhamos dia a dia. O enorme desastre no Rio Grande do Sul, o Pantanal em chamas, as mortes por ondas de calor, entre tantas outras. 

Ano passado estive na COP 28, em Dubai, a grande conferência sobre o clima das Nações Unidas. As inúmeras discussões e tentativas de lidar com isso são reflexo dessa dificuldade que vivemos. Como frear as emissões para evitar um colapso ainda maior? Seria possível reverter os danos de forma relativamente rápida sem afetar tanto a economia? Até onde vamos conseguir lidar com as consequências? O desafio é global e, apesar da preocupação, o que vemos é uma enorme falta de proatividade.

Em paralelo à necessidade de descarbonização e de reduzir as emissões de GEE, temos a compensação como uma alternativa viável. Na Europa, por exemplo, compensar as emissões de carbono já é uma demanda comum pensando na transição para uma economia mais verde, contanto que essa seja uma estratégia limitada para que não acabe se tornando uma espécie de “licença para poluir”.

Enquanto isso, assistimos transações milionárias de grandes companhias, comprando créditos de carbono. A questão é: até quando o mercado vai ficar tão centralizado? Incluir pequenas e médias empresas e também as pessoas é um movimento essencial para a transformação da nossa economia e para a qualidade de vida na Terra. Um esforço conjunto e contínuo de faz necessário diante de uma crise global.

É claro que os grandes poluidores têm uma responsabilidade maior, mas tornar o planeta mais sustentável é uma missão de todos e por todos. E, para isso, não basta somente preservar o que já temos, é preciso restaurar a natureza. Projetos de restauração florestal mais acessíveis são imprescindíveis para acelerar a descarbonização e fazer com que a solução seja mais inclusiva.

A credibilidade das iniciativas certamente é outro ponto inquestionável para garantir transparência e confiança aos investidores, porém, deixar o mercado de carbono cada vez mais complexo só torna as soluções mais inacessíveis. E, junto a isso, nos deixa ainda mais distantes das metas de descarbonização que precisamos cumprir para limitar o aquecimento global e evitar tantas catástrofes.

Estamos vivendo uma fase de procrastinação ambiental, empurrando o problema cada vez mais para o futuro e jogando a poeira para debaixo do tapete. Esperar a aprovação de regulamentos relacionados às emissões de CO2 se tornaram uma desculpa para atrasar as iniciativas de redução do impacto ambiental. Muitas pessoas e empresas mantêm o pensamento de que a ação só é necessária diante da obrigatoriedade.

Mas o quanto essa postura vai nos custar ou já está nos custando? O custo de não fazer nada é muito maior do que investir na restauração do meio ambiente. O Brasil tem chance de protagonizar esse cenário e ser a grande potência verde do mundo! Vencer essa procrastinação é o verdadeiro desafio do século e não temos mais tempo para esperar. 

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