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O que falta para mobilidade sustentável dar certo para jornada de descarbonização das empresas?

Coluna Cubo, Mobilidade sustentável
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*Por Lucas Nicoleti, CEO da Ecomilhas

Nos últimos anos, a sustentabilidade se tornou um pilar essencial nas estratégias das grandes empresas. Iniciativas verdes e compromissos ambientais são divulgados amplamente, mas isso levanta a questão: se todas as marcas estão “salvando o planeta”, por que ainda enfrentamos desafios ambientais tão graves?

A sustentabilidade corporativa ganhou destaque, impulsionada tanto pela pressão dos consumidores quanto por regulamentos governamentais mais rígidos. Segundo uma pesquisa da Nielsen, 81% dos consumidores globais acreditam que as empresas devem ajudar a melhorar o meio ambiente. Apesar disso, muitas empresas ainda utilizam práticas de greenwashing, onde as ações sustentáveis são mais uma estratégia de marketing do que um compromisso genuíno com o meio ambiente. 

O consumidor também não ajuda, segundo a mesma fonte, 63% dos consumidores elencam “preço” como principal fator de decisão de compra, sendo produto de boa origem sustentável ou não. 

Para que as iniciativas de sustentabilidade sejam realmente eficazes, é fundamental que as empresas adotem a transparência como um valor central. Isso significa divulgar de forma clara e precisa não apenas os sucessos, mas também os desafios e as falhas. Transparência gera confiança, essencial para manter o apoio dos consumidores e stakeholders. De acordo com o Global Consumer Insights Survey 2021 da PwC, 49% dos consumidores evitam empresas que não demonstram práticas ambientais sustentáveis. 

Entretanto, um dos maiores desafios para empresas verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade é lidar com aquelas que apenas aparentam estar. Muitas companhias estabelecem metas ambiciosas de sustentabilidade sem implementar ações práticas para atingi-las. Isso cria um mercado saturado de promessas vazias, dificultando a venda de soluções genuínas. 

O protagonismo das pessoas é crucial para a mudança. A maneira como nos deslocamos é profundamente cultural, enraizada em hábitos e convenções sociais. A mudança para uma mobilidade sustentável depende tanto de políticas empresariais quanto da conscientização e participação ativa dos indivíduos. Aqui, o conceito de desenvolvimento sustentável — que busca equilibrar as necessidades presentes sem comprometer as futuras gerações — torna-se fundamental.

Algumas empresas já estão na vanguarda da transparência sustentável. Elas publicam relatórios detalhados de impacto ambiental, auditados por terceiros, e são abertas sobre suas metas e os passos necessários para alcançá-las. O usuário começa ser protagonista da descarbonização pelo motivo errado: a recompensa. Contudo, ninguém melhor que ela para transformar a relação de consumo no Brasil. 

A tecnologia tem um papel crucial na promoção do engajamento para sustentabilidade. Ferramentas de monitoramento em tempo real, inteligência artificial e big data podem ajudar as empresas a medir e reportar com precisão seus impactos ambientais, bem como auditar transportes realmente menos poluentes.

A sustentabilidade é um caminho contínuo que exige compromisso e transparência. Somente através da honestidade e do uso inovador da tecnologia poderemos avançar para um futuro em que todas as marcas não apenas afirmam estar salvando o planeta, mas efetivamente contribuem para um mundo mais sustentável. Analogamente, a mobilidade do futuro será um reflexo desse compromisso coletivo: um sistema integrado onde a sustentabilidade é priorizada em cada escolha de deslocamento. Se todas as marcas estão salvando o planeta, quem está destruindo?

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