Coluna

Custos não aumentam porque as empresas gastam demais, mas por gastarem sem controle

Com ferramentas de gestão financeira, as empresas passam a olhar para o que está dentro de casa com mais cuidado

Leitura: 3 Minutos
Ricardo Gottschalk, cofundador e vice-presidente Conta Simples | Foto: Divulgação
Ricardo Gottschalk, cofundador e vice-presidente Conta Simples | Foto: Divulgação

*Ricardo Gottschalk, cofundador e vice-presidente Conta Simples

Cedo ou tarde, o corte de gastos é um tema que sempre vem à tona entre as lideranças e áreas financeiras das organizações. Nas startups e PMEs (Pequenas e Médias Empresas), em que cada transação e investimento precisam ser muito assertivos, essa pressão é ainda maior. Mas será que realmente esse é o desafio a ser solucionado? Ou será que cortar custos, na verdade, está mais relacionado a gerenciar melhor as finanças?

Um estudo recente da Deloitte, o “2025 MarginPLUS”, introduz muito bem essa discussão. Baseada nos relatos de 400 executivos globais, a pesquisa revela que 79% das empresas estão falhando em atingir suas metas de economia de custo em 2025. Por outro lado, 69% já priorizam cortes direcionados em vez de reduções lineares (41%), o que mostra que o problema não está no planejamento estratégico.

A verdadeira falha está na execução operacional, causada pela falta de ferramentas adequadas. Recursos como reembolsos demorados, cartões de crédito sem controle e planilhas estáticas fazem com que as organizações operem no escuro, sem uma visão clara da sua situação financeira e do objetivo que querem cumprir.

É aqui que surge um abismo entre plano e realidade. Gastos duplicados, assinaturas subutilizadas e a falta de rastreabilidade por centro de custo são “vazamentos” que drenam o caixa silenciosamente. No fim, é impossível colocar a mão na massa com operações ineficientes e não criar gargalos no meio do caminho.

Mudando o jogo

O estudo da Deloitte também oferece um norte de algumas das lições mais citadas pelo grupo de 21% de empresas que conseguiram cumprir seus planos de economia de custo. Cerca de 40% delas mencionam processos sólidos de acompanhamento e reporte; 39% apontam para uma gestão de mudança para aceitação e benefício das iniciativas; 34% ressaltam a criação de um business case claro para a melhoria de gastos; e 29% destacam o investimento em tecnologia para dados confiáveis e suporte às decisões.

Em resumo, tudo isso caminha para uma mudança de mentalidade do modo como as finanças são tratadas. Impulsionado pela transformação digital, o novo modus operandi do setor é baseado em organização, controle e inteligência, pilares que dão espaço para uma execução estratégica de qualidade. É assim que se garante previsibilidade para as metas planejadas e se alcança resultados reais. 

Com ferramentas de gestão financeira, as empresas passam a olhar para o que está dentro de casa com mais cuidado, sem necessariamente começar um processo de eliminação de custos sem clareza. As tecnologias certas são aliadas para trazer visibilidade em tempo real de onde cada centavo está sendo gasto, capacidade de estabelecer limites, aprovar e categorizar despesas de forma automatizada e, acima de tudo, transformar dados em decisões importantes para o negócio.

Para startups e PMEs, isso não é um bônus, é uma questão de sobrevivência. Tempos competitivos e desafiadores exigem precisão, não intuição ou otimismo empresarial. Essa é a grande diferença entre queimar caixa e crescer de forma sustentável.