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São Paulo sobe 2 posições no Top 30 ecossistemas de inovação do mundo

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Em 15 de junho, a Startup Genome lançou o Global Startup Ecosystem Report 2023 (GSER 2023), que oferece uma análise detalhada e comparativa dos ecossistemas de inovação em todo o mundo. É a 11ª edição deste tradicional estudo que já examinou mais de 3,5 milhões de startups em 290 ecossistemas globais. A informação mais aguardada é o TOP 30 com o ranking dos principais ecossistemas de inovação do mundo.

Pela ordem, a lista ficou assim: Vale do Silício, New York City, Londres, Los Angeles, Tel Aviv, Boston, Beijing, Singapura, Shanghai, Seatle, Washington D.C., Seoul, Berlin, Amsterdam-Delta, Tokyo, San Diego, Toronto-Waterloo, Paris, Chicago, Sydney, Bangalore, Estocolmo, Miami, Dehli, Austin, São Paulo, Philadelphia, Denver-Boulder, Atlanta e Vancouver.

Os seis principais itens que foram examinados para chegar a esse ranking foram desempenho, financiamento, alcance de mercado, conexão, talento, experiência e conhecimento.

Comparativos rankings 2022 e 2023

Com base nas informações publicadas, destaco os principais pontos do relatório, fornecendo insights sobre as tendências, forças e desafios enfrentados pelas startups e ecossistemas de inovação em diferentes regiões:

  • São Paulo está em 26º lugar, subindo duas posições em relação a 2022.
  • A América do Norte lidera globalmente em número de ecossistemas de startups de tecnologia, com 16 dos 30 primeiros colocados. Três destes estão entre os 10 melhores, com o Vale do Silício em primeiro lugar, seguido por Nova York e Londres empatados em segundo lugar.
  • Boston e Pequim perderam suas posições entre os cinco primeiros, sendo substituídos por Los Angeles em 4º lugar e Tel Aviv em 5º.
  • O Vale do Silício representa 31% do valor total dos 30 principais ecossistemas.
  • Londres é o principal ecossistema de startups de tecnologia na Europa, com várias saídas de alto valor acima de US$ 1 bilhão.
  • Nova York teve um aumento significativo nas saídas acima de US$ 1 bilhão e agora possui 126 unicórnios.
  • Los Angeles subiu duas posições, com um aumento notável nas saídas acima de US$ 50 milhões e US$ 1 bilhão.
  • Tel Aviv também subiu duas posições e teve um aumento acentuado nas saídas acima de US$ 1 bilhão, com uma avaliação geral do ecossistema de US$ 235 bilhões.
  • Cingapura entrou no top 10 dos ecossistemas, com um aumento impressionante de 10 posições em relação ao ano anterior.
  • Melbourne teve um progresso notável, subindo seis posições.
  • Miami teve um aumento significativo nas saídas acima de US$ 1 bilhão e agora ocupa o 23º lugar.
  • Mumbai subiu cinco posições e teve um aumento notável nas saídas acima de US$ 50 milhões.
  • Zurique subiu 10 posições, com um crescimento considerável nas saídas acima de US$ 50 milhões.
  • Boston registrou aumentos nas saídas acima de US$ 1 bilhão e no número de unicórnios.
  • Pequim experimentou uma queda nas saídas e no número de unicórnios, refletindo uma tendência de desaceleração nos ecossistemas chineses.
  • Xangai caiu uma posição, enquanto Shenzhen caiu 12 posições, mas ainda possui 13 unicórnios.
  • Helsinque caiu quatro posições, com um aumento nos acordos de financiamento em estágio inicial, mas uma diminuição nas rodadas da Série A.
  • Tóquio e Paris desceram três posições cada uma, mas ambos têm aumentos notáveis em saídas de alto valor e número de unicórnios.
  • Paris viu um aumento nas saídas acima de US$ 50 milhões e no número de unicórnios.

Desempenhos por setores

Apesar da crise econômica pelo mundo, três subsetores apresentaram um aumento no número de negócios de Venture Capital (VC) de 2021 a 2022: jogos (+13%), blockchain (+8%) e fintech (+4%). Refletindo o crescente uso de inteligência artificial (IA) e sua interseção com outros subsetores, o subsetor de IA e Big Data foi responsável pela maior contagem total de transações de VC, representando 28% da participação global em 2022. Esse subsetor também registrou o maior crescimento em número de saídas, com um aumento de 74% de 2017-2018 a 2021-2022, além de ter experimentado um aumento de 34% na contagem de rodadas da Série A no mesmo período.

À medida que as inovações em Deep Tech se integram cada vez mais ao mundo das startups, o valor dos exits (saídas) desse subsetor cresceu mais rapidamente do que as tecnologias não-Deep Tech de 2017-2018 a 2021-2022, com um aumento de 326% em comparação com 225%. A Manufatura Avançada e Robótica é o subsetor de crescimento mais rápido em termos de valor da rodada Série A, registrando um aumento de 168% de 2017-2018 a 2021-2022.

O segmento fintech teve um crescimento significativo na África subsaariana e na América Latina, representando 41% e 37% da contagem global de negócios da rodada Série A, respectivamente, de 2017-2018 a 2021-2022. Embora se esperasse que a Edtech prosperasse durante e após a pandemia, o valor de financiamento da rodada Série A neste subsetor diminuiu 44% de 2017-2018 a 2021-2022.

Os quatro subsetores em fase de crescimento (Manufatura Avançada e Robótica, IA e Big Data, Cleantech e Blockchain) apresentaram um aumento médio de 101% no valor dos negócios da rodada Série A de 2017-2018 a 2021-2022, e uma média de aumento de 788% no valor de saída no mesmo período. Os seis subsetores na fase madura (Agtech & New Food, Cybersecurity, Fintech, Jogos, Life Sciences e Blue Economy) registraram um aumento médio de 81% no valor dos negócios da rodada Série A de 2017-2018 a 2021-2022, e um aumento médio de 196% no valor de saída no mesmo período.

Os três subsetores em fase de declínio (Mídia Digital, Edtech e Adtech) experimentaram uma redução média de 18% no valor dos negócios da rodada Série A de 2017-2018 a 2021-2022, e um aumento médio de 129% no valor de saída no mesmo período. Para referência, o Global Startup Ecosystem Report 2022 (GSER 2022) revelou que vários subsetores tiveram um aumento de até 100% na contagem da rodada Série A e na contagem de saída em relação ao período do relatório anterior [GSER 2021 (2015-2016 vs. 2019-2020)

Unicórnios, exits e estágios iniciais

O crescimento das startups e ecossistemas de inovação foi afetado pela pandemia de COVID-19 e mostrou uma relação direta dos desempenhos de China e Índia – dois principais destaques do relatório – de acordo com a rigidez das medidas restritivas colocadas em prática durante a pandemia. Um exemplo que ilustra esse ponto no texto é a produção de unicórnios dos dois países. Em 2021 a China lançou 57 unicórnios no mercado, número que caiu para 27 em 2022, apenas três a mais do que a Índia que produziu 24 no ano passado e 36 em 2021.

Mas isso não foi exclusividade apenas dos dois países. No cenário global, aconteceu um declínio de 40% no surgimento de unicórnios em 2021, caindo de 595 para 359. As maiores quedas foram na Ásia e na América do Norte (-46% e -45%, respectivamente). A participação de unicórnios na América do Norte caiu de 58% para 52%, enquanto a Europa assumiu direção oposta, aumentando sua participação de 14% a 20%.

Números em queda também foram observados em aportes para empreendimentos em estágio inicial na América do Norte. Enquanto isso, na parte sul das Américas, esse número aumentou 25% no ano passado em comparação com 2022. No Brasil, por exemplo, uma das ferramentas mais usadas por startups nesse estágio são as plataformas de equity crowdfunding como Captable, Kria, SMU e outros. Os exits de startups com valores superiores a US$50 milhões apresentaram uma diminuição em 2022, principalmente na América Latina, Europa e América do Norte.

Desempenho da América Latina

Em 2022, a América Latina enfrentou um arrefecimento no financiamento de capital de risco, após um ano de crescimento impressionante em 2021. A região registrou uma queda de 5% no valor do financiamento em estágio inicial, além de uma redução significativa de 72% no valor do financiamento da Série B+ e uma queda de 54% na contagem de negócios da Série B. Apesar dessas quedas, o financiamento total em 2022 ainda superou os anos anteriores a 2021, indicando uma perspectiva positiva a longo prazo.

Um dado interessante é o aumento de 49% na participação da América Latina no valor do financiamento em estágio inicial, que passou de 1,7% em 2018 para 2,5% em 2022. Além disso, a região apresentou um crescimento de 65% na contagem de negócios da Série B+ e um aumento notável de 143% no valor da Série B+ no período de 2018 a 2022. A Fintech tem se destacado especialmente nessa região, representando em média 37% das transações de negócios da Série A no mesmo período.

No cenário dos ecossistemas de startups da América Latina, São Paulo se destaca como um dos principais pólos de tecnologia e a maior cidade do Brasil. Recentemente, subiu duas posições no ranking e agora ocupa a 26ª posição, sendo o ecossistema mais bem classificado da região e o único entre os 30 primeiros.

A atividade de financiamento em São Paulo foi destacado no GSER 2023 em eventos como o IPO de US$ 41,5 bilhões do Nubank em 2021, a rodada Série F de US$ 310 milhões da Creditas em janeiro de 2022 e a rodada Série D de US$ 300 milhões do Neon em fevereiro de 2022. Além disso, outras cidades brasileiras também estão desenvolvendo rapidamente suas próprias comunidades de startups de tecnologia, impulsionadas pelo Marco Legal para Startups do governo lançado em junho de 2021, que incentiva a experimentação de tecnologias e modelos de negócios inovadores.

Segundo o GSER 2023, os cinco principais ecossistemas da América Latina, em ordem decrescente, são: São Paulo, Cidade do México, Buenos Aires, Santiago-Valparaíso e Bogotá. Além disso, o ranking dos cinco ecossistemas considerados emergentes pelo Startup Genome inclui o Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Monterrey e Porto Alegre.

É importante ressaltar que, apesar do arrefecimento no financiamento em 2022, a América Latina registrou um aumento significativo de 143% no valor da Série B+ no período de 2018 a 2022.

Para acessar o GSER 2023 na íntegra, acesse este link.

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