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Uma Nova Confra para o ecossistema empreendedor brasileiro

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Agosto de 2016. Plano declinado. Numa forte chuva em Sao Paulo e sem condições de reunir um pequeno grupo de amigos num espaço aberto, decidimos cancelar o primeiro encontro de empreendedores do que viria a se tornar a Confraria do Empreendedor. Sem ter nenhum conhecimento técnico do que seria uma comunidade, eu, Natalia Lazarini e Andre Mainart insistimos em realizar um encontro – informal – de empreendedores, com menos de 20 pessoas num lugar que um amigo, nos ofereceu. Genuinamente.

A partir daquela pequena reunião, entendemos que existia uma questão – com quem empreendedores poderiam compartilhar vulnerabilidades de suas jornadas sem medo, vaidades e julgamentos e como conectar pessoas que, embora de setores/backgrounds tão diferentes, poderiam colaborar entre si. A missão “nos foi dada” e sentimos que deveríamos seguir sem saber ao certo no aquilo poderia se
tornar. Seth Godin, em sua obra “Tribos: nós precisamos que vocês nos liderem” reforça essa tese de um “chamado da liderança”. Mas havia dois pontos que norteava nossas relações, na criação de um Manifesto e no porquê em fundar e criar aquele “movimento” -a confiança e a vontade genuína em colaborar e gerar conexões de valor entre pessoas – dispostas a serem “givers” (Adam Grant, Dar e
Receber).

Conhecemos pessoas incríveis com o mesmo espírito, que organicamente deram vida à Confraria do Empreendedor. No conceito mais estrito de uma “confraria”, levamos o que temos de melhor para o(a) outro(a) e os membros desta comunidade que se intitularam “confrades” capturaram isso rapidamente. De Norte a Sul, da economia real e nova economia, quem estava começando e quem era mais experiente em empreender – esse mix, que por muitas vezes foi questionado, parece ter sido o ingrediente que deu um toque especial para a Confra.

Um ecossistema empreendedor precisa do movimento e conexão de diversos players e a gente disse “- Sim, pode misturar” e investidores, representantes de corporações, universidades, agencias e entidades de fomento ao empreendedorismo, imprensa especializada se juntaram a algo que só crescia em relevância e em proposta de valor. Genuinamente, de novo.

Quando começaram a surgir estudos acadêmicos e técnicos sobre “Comunidades Empreendedoras” e seus impactos, sobretudo em ecossistemas mais maduros, entendemos que intuitivamente, estavam formadas as bases da tão querida “Confra”. Querida pois foram criados laços, amizades e uma cultura de colaboração tempestiva. E também foram feitos muitos negócios, parcerias, alianças, investimentos e como nem tudo é perfeito, não tivemos a real mensuração de tudo (e muito) do que foi gerado por meio desta rede tão forte que atravessou o oceano e hoje também está em Portugal. E os planos de expansão para a América Latina e outras regiões estão em pauta.

Community Managers – a gente nem sabia o que era isso (rs), mas entendemos que estas pessoas foram essenciais para gerenciar uma rede com mais de 2.000 membros. Patrícia Mansur, Alex Pinhol, Vitor Igdal, Marco Lagoa, Simone Ponce, Flavio Carneiro, Diego Ortega, Danielle Baldarena, Marlene Fialho, Fabio Sirgado toparam este desafio que não é nem de longe fácil e voluntariamente formaram o núcleo de liderança Confra. Ah, mas quantas horas ouvimos e fomos provocados por nossos mentores especiais, que acreditaram nessa turma desde o início – Arthur Rufino e Fernando Lemos – principalmente nos momentos em que pensamos em desistir e sempre reforçaram que a rede tinha um valor muito maior do que imaginávamos.

Desistir é uma opção também na jornada empreendedora e na construção e sustentação de uma comunidade não seria diferente, porém, mais uma vez, vimos que “a peteca não podia cair” pois a Confra já fazia parte da rotina de muitas pessoas. Durante a pandemia, esta rede ficou ainda mais forte e ao contrário da nossa própria crença limitante, em alguns momentos, a Confra nunca foi um mero grupo num aplicativo de mensageria. E quem diz isso são os próprios confrades, que por muitas vezes, também disseram – “Isso não pode acabar, contem comigo, no que posso ajudar?”.

Eventos, apoio a instituições do terceiro setor, encontros de confrades, viagens e hobbies – de grupos de esportes, discussões sobre investimentos a encontros gastrônomicos – humanizou ainda mais e aproximou pessoas que sequer se viram pessoalmente e ora se tornaram clientes e/ou fornecedores, alguns até sócios. Eu particularmente nunca tinha vivenciado isso no mundo dos negócios. Algo realmente incrível e muito bom de acompanhar e de fazer parte!

“Mas a Confra não monetiza, André, Natalia e Diogo? ” Essa foi uma das perguntas que mais se repetia durante este tempo. “Uma rede tão forte e com tanto potencial”. Enfim.. Fomos desafiados e ouvimos de tudo. Mas no momento que entendemos que era o ideial, a Confra começou com suas frentes de monetização com mantenedores e com missões de imersões empreendedoras pelo Brasil e Portugal. Foram testes e testes( que ainda seguem) de como monetizar algo sem perder a sua essência.

Um salto de fé de Natalia Lazarini, que decidiu se desligar da carreira executiva para focar em testar negócios e projetos com a tese de COMUNIDADE se desdobrou na criação do ConfraHub. Esta frente é uma Community House para criar, desenvolver e acelerar comunidades para empresas, governo, universidade e outras comunidades com toda a expertise Confra de gerar negócios e fazer conexões. Vitor Igdal, empreendedor com expertise em cultura e gestão de pessoas e comunidades, junta-se ao ConfraHub como sócio e um novo momento da comunidade se consolida.

A Nova Confra é sobre novas lideranças com empreendedores com vasto background sobretudo em tech. Marco Lagoa e Flávio Carneiro assumem novos projetos e verticais de negócios para resolver problemas conectados com a temática de comunidade, negócios e investimentos. O que nos trouxe nestes 7 anos até aqui pode não ser o que fará da Confra nos próximos anos, mas de uma coisa temos certeza – nunca estaremos desconectados do legado – Conectar/ Compartilhar e Colaborar – da comunidade criada por um baiano e dois mineiros que nunca se arrependerão de terem persistido em reunir pessoas depois de uma grande tempestade em Sao Paulo. Genuinamente.

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