*Por Eduardo Della Giustina, CEO da Health ID
O mercado de saúde está navegando por uma das maiores revoluções da história, impulsionado por avanços como inteligência artificial, cabines de saúde e wearables. E um submercado crucial tem uma nova ferramenta para participar de forma ativa desta revolução. Estamos falando dos laboratórios de análises clínicas, mercado este que passou a ter à disposição formas alternativas para a coleta de sangue, essenciais para melhorar a experiência e a jornada do paciente.
Atualmente, existem alternativas que visam facilitar a experiência do usuário, como testes rápidos e exames point of care. No entanto, essas soluções são limitadas em relação ao número de exames que podem realizar e geralmente servem apenas como triagem, necessitando de confirmação com exames laboratoriais tradicionais.
Eis que surge uma nova indústria dedicada a meios alternativos para a coleta de sangue, isto é, opções diferentes da metodologia tradicional intravenosa, a qual possui diversos gargalos como logística especializada, imediata refrigeração da amostra e manuseio por profissionais da saúde. Em países como Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, essa tecnologia é uma realidade há quase uma década, impactando de forma direta setores como a indústria farmacêutica, saúde ocupacional, operadoras de saúde e o setor público.
Jornada e vantagens do uso de meios alternativos para a coleta de sangue
Os dispositivos alternativos viabilizam a coleta capilar de sangue, seja através do uso de lanceta e a extração de 4 gotas de sangue da ponta do dedo; ou mediante o uso de dispositivo que é acoplado ao braço, necessitando apenas que o paciente acione um botão para que o sangue seja coletado. Três tipos de amostra podem ser geradas: sangue líquido, sangue seco ou plasma seco isolado do sangue total. Todos eles são passíveis de auto coleta ou manuseio por agentes de saúde ou até mesmo agentes de bairro, com simples treinamento prévio.
Aqui vamos ater aos dispositivos para a coleta de sangue que geram amostras secas de plasma e sangue. Entre as diversas vantagens, cinco merecem destaque:
- Coletas anywhere: Coletas podem ser realizadas em casa, em unidades de saúde ou em áreas remotas, sem necessidade de infraestrutura laboratorial.
- Logística simplificada: As amostras não requerem refrigeração, facilitando o transporte e armazenamento.
- Estabilidade das amostras: As amostras permanecem estáveis por até 15 dias, sem risco de contaminação.
- Isolamento de plasma: Esses dispositivos isolam o plasma do sangue total, replicando o processo de centrifugação dos exames tradicionais.
- Compatibilidade com laboratórios: As amostras são processadas nos mesmos laboratórios e equipamentos utilizados para sangue venoso, garantindo a precisão dos resultados.
Mas como os dispositivos proporcionam uma melhor jornada e experiência do usuário?
Seja para medir níveis hormonais ou diagnosticar uma condição clínica, a jornada atual do paciente envolve várias etapas: obtenção da requisição médica, deslocamento ao laboratório ou agendamento de coleta domiciliar, e a coleta de sangue intravenosa. Em muitos casos, ainda é necessário retornar ao médico para obter os resultados ou orientação.
Essa rotina complexa e com múltiplas etapas freia a agilidade e eficiência de diversos mercados, como o teste de novas drogas e tratamentos (clinical trials), o engajamento do colaborador a adotar medidas e cuidados relacionados à saúde ocupacional, o monitoramento e tratamento contínuo de pacientes com doenças crônicas ou até mesmo para realizar simples diagnósticos.
A inovação dos dispositivos alternativos está no rompimento de diversos gargalos como a logística especializada, necessidade de estrutura laboratorial para realizar a coleta, manuseio por profissional de saúde, coleta centralizada, deslocamento do paciente e assim por diante. Otimizar a jornada e melhorar a experiência do usuário faz com que o paciente esteja no centro do cuidado e que a coleta seja descentralizada/facilitada, podendo ser em casa, na empresa, na unidade de saúde ou até mesmo em regiões remotas.
Uma coisa é certa: é preciso evoluir a jornada e a experiência do paciente com métodos alternativos de coleta de sangue. Isso não apenas auxilia nos dois maiores desafios da saúde pública e privada —engajamento e gestão de recursos — mas também oferece uma solução prática e eficiente.