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O empreendedor é, como o artista, eterno

Foto: Canva
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Um dos mistérios mais interessantes acerca do empreendedorismo é sobre a razão que faz alguém empreender. Você já deve estar cansado de ouvir, e nunca é demais repetir, que a vida empreendedora é dura demais, imprevisível, cansativa e brutal psicologicamente.

Mas afinal, tudo isso vale a pena, se pensar no retorno financeiro, certo? Será?

Estudos mostram o contrário. Se o sujeito está focado na grana, de longe, não deve empreender. Na média, executivos se dão bem melhor que empreendedores neste quesito, assumindo um risco bem menor. Ou seja, a relação de risco-retorno, pensando de forma bastante racional, não faz muito sentido. Nem se os riscos fossem iguais faria.

Então, assumindo que a maioria dos empreendedores tem esta consciência, por que empreender?

A filosofia talvez possa explicar em parte.

A maior aflição da história da humanidade é a consciência de nossa finitude. É o medo da morte. O homem sabe que vai morrer e que seus próximos, aqueles que amam, também. Conviver com esta questão é um dos maiores desafios de nossa vida, e muitas vezes insuportável.

É por isso que muita gente se volta a religião, que prometem a “salvação” e a aliviam, de forma irracional, esta dor.

A filosofia entra exatamente ai. Para aqueles que não estão convencidos e não tem a fé de uma salvação por um Deus, e na veracidade destas promessas, o problema de nossa finitude permanece. E esta angustia nos impede de viver bem.

Mas ao contrário da religião, a filosofia deseja que encontremos uma saída racional, não se apoiando a acreditar, a ter fé, mas por nossas próprias forças. O filosofo prefere a lucidez ao conforto, e a liberdade `a dependência de acreditar em algo que não sabemos de certo.

Segundo os Estóicos, o sábio, através da razão e ação, poderá se safar desta angústia da finitude, ao enxergar que a presença da morte é real, irreversível, mas que o homem pode, ainda, ser eterno. De certo ele vai morrer, mas a morte não será pra ele o fim absoluto, mas uma transformação.

De certa forma, além de poder, liberdade e autonomia, o empreendedor começa uma aventura por propósito. Propósito de fazer algo pro mundo, pros outros. Propósito de criar valor para a sociedade, além do dinheiro.

Mas não é só isso. Vemos com a ajuda da filosofia, que no fundo no fundo, não só ele quer deixar o mundo melhor, agora, mas por que não, aliviar esta dor da finitude, deixando sua marca na sociedade, muitas vezes, por muitas gerações.

O empreendedor, é sim, como o artista, muitas vezes, eterno.