Para se ter uma carreira no mundo atual dos negócios há vários caminhos possíveis. Você já chegou a imaginar o empreendedorismo como sua primeira opção? De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a maioria dos empreendedores que deram certo começou a empreender apenas depois dos 40, ou seja, as pessoas tendem a passar pelo mundo corporativo e depois começar a cogitar essa opção como um plano de carreira viável. Porém, não precisa ser necessariamente assim.
Muitos se tornam empreendedores após já terem chego ao ápice de sua carreira ou terem conquistado uma boa bagagem com experiência, independência financeira e conexões sociais. Mas, por ser o caminho mais comum, não significa ser o único ou o mais correto. Hoje em dia, com a evolução do ecossistema digital, acesso à capital de risco abundante e um pool de jovens talentos cada vez maior, o empreendedorismo deixou de ser necessidade para se tornar uma opção de carreira. Existem algumas lendas vivas, como Bill Gates e Mark Zuckerberg, que largaram a faculdade para empreender e construíram as maiores empresas de tecnologia do nosso tempo; e tem também outros seres mortais como eu, que optei em seguir o sonho de empreender.
Diferente da maioria dos profissionais, resolvi seguir minha paixão e investir toda reserva que tinha para co-fundar a VTEX. Foi uma decisão muito difícil, pois a grande maioria dos meus amigos foi trabalhar no mercado financeiro, ganhando salário, enquanto eu fui a ovelha negra da turma, arriscando toda a minha reserva em um sonho, sem nenhuma retirada no começo. Em retrospectiva, seria essa uma decisão totalmente romântica e impulsiva ou teve algum motivo racional por trás?
A verdade é que teve um pouco dos dois. Ao mesmo tempo, estava convicto em apostar todas as fichas para viver meu sonho de empreender e acreditava que o momento de arriscar tudo era agora – já que com 23 anos se está iniciando a trajetória profissional, o que representa um baixo custo de oportunidade. Ou seja, o salário que você vai abrir mão não é tão relevante e, se sua empresa não der certo, ainda é possível conseguir se realocar facilmente no mercado de trabalho. Enquanto, se for mais velho, o custo de oportunidade é muito mais alto, pois o salário de um executivo é bem maior que de um analista, e caso tenha uma família, o risco acaba sendo ainda maior.
Além disso, ainda tem a questão do aprendizado. Como empreendedor, acredito que você passa a ter uma visão muito mais generalista do mundo dos negócios do que um analista em alguma área específica, visto que já estará no mercado obtendo as mais diversas experiências diretamente da fonte, sem intermediários. Ou seja, mesmo em caso de falha, a experiência e o aprendizado serão de grande valia e relevância para o currículo profissional e o crescimento pessoal.
Se dedique ao que realmente gosta!
Por isso é que sempre aconselho: dedique-se a uma atividade que esteja alinhada ao seu propósito e esteja disposto a aprender, pois este é o maior indicador de sucesso em toda trajetória, principalmente, no começo! Essa sempre será uma boa aposta na busca pela ascensão profissional, seja em uma startup – aprendendo a lidar com os riscos e com um escopo mais genérico – ou em uma empresa com uma função específica a fim de se tornar um especialista; e isso pode significar ter a coragem para dar um mergulho no escuro, como empreender ou começar um curso numa área totalmente nova, a qual você acredita que tenha mais afinidade pessoal.
Ainda segundo o estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o sucesso está muito mais ligado ao grau de afinidade e interesse pela área de atuação, do que à idade e outras características pré-definidas – o que é comprovado a partir de exemplos de jovens empreendedores bem-sucedidos que fundaram gigantes como Microsoft, Apple e Facebook por volta dos vinte anos; sendo que eu mesmo fiz esse “caminho inverso” e acredito ter sido bastante acertado.
Por isso, afirmo que o empreendedorismo pode, sim, ser considerado como uma opção de carreira e quanto mais novo descobrir sua paixão, mais rápido você poderá seguir na direção certa, em busca do que mais gosta. Carreiras em grandes companhias, bancos e agências são modelos que as pessoas têm como prioridade na hora de escolher por qual caminho seguir, porém as dinâmicas no âmbito corporativo vêm sofrendo mudanças constantemente, refletindo cada vez mais a complexidade das organizações, que têm se intensificado com o desenvolvimento de novas tecnologias e o aumento das exigências por parte dos consumidores. E nesse conceito VUCA, ou seja Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (em português: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade), é necessário abrir a mente para outros modelos que também abracem essas transformações tecnológicas e que atendam os clientes atuais, como o empreendedorismo.
Apesar de clichê, realmente cada um tem seu jeito próprio de alcançar aquilo que tanto almeja, então deixe o conceito de sucesso de lado e se arrisque em novas oportunidades. Afinal, só assim poderemos dizer que estamos trazendo a inovação que o mundo necessita, desafiando o status quo imposto pelos paradigmas da sociedade.