*Por Rafaela Helbing, CEO da Data Rudder
Quando o assunto é o uso da IA, o Brasil vai muito bem. Somos líderes na América Latina e ocupamos a 35ª posição no ranking mundial. Além disso, mais de 50% dos brasileiros já confiam no potencial da inteligência artificial, seja no trabalho, nos estudos ou em outras atividades do cotidiano. As informações são das pesquisas The Global AI Index e Trust in Artificial Intelligence.
Mas é claro que, em meio aos avanços, não são apenas os benefícios da inteligência artificial que se popularizam. No universo de prevenção a fraudes, o uso de tecnologias avançadas para a aplicação de golpes não é nenhuma novidade. Táticas como o phishing já são velhas conhecidas no mercado, assim como o uso de fakes em redes sociais e malwares.
O que muda com a disseminação no uso da IA é justamente o refinamento dessas abordagens e a democratização da ferramenta, inclusive para atividades criminosas, aumentando a eficácia dos ataques cibernéticos e dos golpes.
E isso gera preocupação principalmente para o setor financeiro, considerado o segundo mais atacado no mundo, conforme um estudo da NTT Data em 2023. É evidente que o aumento na sofisticação dos ataques exige uma resposta igualmente avançada e dinâmica por parte das instituições.
Diante do cenário de vulnerabilidades, não podemos nos esquecer de que existe um outro lado do uso da IA e que estamos nos destacando justamente por extrair o potencial positivo desse recurso.
Na prevenção às fraudes, por exemplo, não é de hoje que a inteligência artificial é nossa grande aliada. A integração de técnicas de machine learning, o AutoML, não apenas facilita o processamento de grandes quantidades de dados em tempo real, mas também cria modelos e algoritmos especializados.
Os algoritmos são treinados com dados históricos para identificar padrões que indicam atividades fraudulentas, como comportamentos atípicos, transações incomuns e manipulação de dados. Esses modelos operam permitindo a análise instantânea e a detecção imediata de possíveis fraudes, agindo de forma preditiva.
O aprendizado contínuo permite que os modelos se adaptem e evoluam, melhorando constantemente sua capacidade de identificar novos padrões e reduzir falsos positivos.
Com essas aplicações, o uso da IA tem influenciado, inclusive, no orçamento das instituições financeiras. Segundo a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, ainda neste ano, os bancos brasileiros planejam investir R$ 47,4 bilhões em tecnologia, o dobro do valor de 2015.
De acordo com o estudo, entre os investimentos, a exploração de tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, deve estar envolvida em processos de biometria facial e por voz, mecanismos de prevenção à fraude e lavagem de dinheiro, análise de risco de crédito e detecção de anomalias cibernéticas.
O que é bastante animador, considerando que vamos melhorar ainda mais a segurança e a experiência do cliente, tornando as transações financeiras mais confiáveis.
Apesar dos desafios, já temos um panorama bastante favorável sobre o uso da IA no Brasil. A inteligência artificial ganhou a confiança da população e abriu novas possibilidades para otimizar serviços em diversos setores, especialmente no financeiro.
No entanto, para colhermos todos os benefícios da inteligência artificial, é importante continuar trabalhando pelo equilíbrio do avanço tecnológico. E a aplicação da IA em medidas de segurança e proteção às fraudes é um dos caminhos para isso. Com investimentos e visão estratégica, podemos mitigar a exploração mal-intencionada da tecnologia e abrir espaço para o desenvolvimento de novas soluções que tragam mais benefícios ao setor financeiro. É assim que vamos reforçar a IA como símbolo de inovação e manter a nossa posição de liderança no cenário global.