Peter Thiel, no seu incrível livro “De Zero a Um”, define “segredos” como verdades importantes sobre o mundo que você sabe, mas que a maioria das pessoas ainda não conhece. Pois bem, inspirado por essa ideia, hoje eu vou dividir alguns dos meus “segredos” com vocês. Aprendizados que considero valiosos e que são frutos de 15 anos observando a trajetória de empreendedores e empreendedoras por aí, mas que raramente aparecem em artigos ou pesquisas.
Para começar, vamos falar sobre a verdade não dita sobre por que as empresas dão errado. Livros muito bons como “Super Founders”, “Why Startups Fail”, “Founder’s Dilemmas”, entre outros, tentam traçar paralelos e achar padrões para concluir sobre o que leva uma startup a dar certo ou errado. Artigos marcantes como “The Top 12 Reasons Startups Fail” do CB Insights ou “Why Startups Succeed or Fail” do Startup Genome, que são comumente repostados no Twitter ou LinkedIn, vão na mesma linha.
Nesses livros, artigos e pesquisas, sempre aparecem fatores como briga de sócios/cofundadores, acabar o dinheiro, a empresa não encontrar product-market fit, perder a corrida para competidores, fechar por conta de mudanças regulatórias, não encontrar um modelo de negócios sustentável, executar mal, entre outros.
O que fui descobrindo ao longo do tempo é que a maioria das startups morre simplesmente porque ninguém se importa com elas, porque ninguém liga para a existência delas, porque ninguém está nem aí para elas. Pode parecer duro, mas a indiferença é o que mata. E é a partir da indiferença que muitos dos outros problemas aparecem. Aprofundo nos parágrafos seguintes no que são, talvez, os três públicos que mais importam para uma startup no começo: clientes, time e investidores.
Clientes, time e investidores
Potenciais clientes não acham que o que está sendo oferecido é interessante, seja por acharem que seu produto é marginalmente melhor, não justificando o custo de troca, ou simplesmente acham que o que você está oferecendo é pior, mas não falam isso diretamente para você com medo da sua reação, de te magoar, etc.
Muitos empreendedores e empreendedoras passam anos recebendo tapinhas nas costas com mensagens de “legal”, “interessante” e “tá no caminho certo”, sendo que essa é uma das mensagens mais perigosas que você pode receber. O que você busca são sinais claros de interesse como “eu quero”, “me dá esse produto agora”, “como eu faço para usar/ter?”. O que você busca é um comportamento muito agressivo onde o potencial cliente praticamente tira o produto da sua mão e o pega para ele. Sem despertar essa reação, a sua empresa não traciona e acaba não decolando.
Potenciais funcionários e funcionárias não veem graça no projeto e não se sentem atraídos pela sua empresa. Você tenta recrutar as pessoas mais talentosas que vê pela frente, sejam as que trabalharam com você, as que vêm das melhores e mais prestigiadas faculdades ou as que têm mais conhecimento e domínio sobre o espaço que você está inserido, mas não consegue trazê-las. Uma a uma, elas respondem que estão bem onde estão, que têm outras prioridades, que o momento delas não é agora, entre todo tipo de recusa educada.
A verdade é que essas pessoas simplesmente não veem razão para embarcar no projeto, elas não acham que vale a pena dedicar alguns dos anos mais valiosos delas em algo que sinceramente não chamou tanta atenção assim. E como “a empresa se torna as pessoas que ela contrata”, ao baixar a barra para trazer as pessoas que topam e não as pessoas que você gostaria de recrutar, você acaba construindo uma empresa com potencial muito menor de execução e, principalmente, cada vez menos propensa a atrair aquelas pessoas mais talentosas.
Potenciais investidores e investidoras não conseguem enxergar o potencial do seu negócio, seja por acharem que seu mercado é pequeno demais, seja por não entenderem o que vai te diferenciar da competição. Você tenta mostrar que não está fazendo nada de errado, mas investidores não estão nem aí para isso. Eles estão procurando algo de muito especial, muitas vezes mesmo que imperfeito. Sem ter algo único, diferente e acentuado, seu projeto fica pouco atrativo. Isso faz com que os investidores não se animem, levando-os à conclusão de que não vale a pena o risco do investimento.
Portanto, pense nisso, caro leitor! Qual o feedback que seus clientes têm dado? Você está conseguindo recrutar as pessoas mais talentosas que gostaria? O que você está fazendo de mais especial?
E principalmente: por que o mundo deveria se importar, ligar ou estar aí para a sua empresa? O que você está fazendo para despertar o interesse das pessoas ao seu redor?