No mundo do storytelling, o vilão não é apenas um clichê: é um elemento essencial para criar histórias memoráveis. Mais do que um obstáculo, ele é o catalisador que dá significado à jornada do herói. Para startups, entender como definir o vilão é a chave para construir uma narrativa de marca que conecte, inspire e conquiste.
O papel do vilão na narrativa
Donald Miller, em seu livro “Building a StoryBrand”, nos ensina que o cliente é o herói da história, enquanto a marca desempenha o papel de guia. Mas nenhuma história funciona sem um conflito claro, e é aí que entra o vilão. Ele representa o problema ou desafio que o herói (o cliente) precisa superar para atingir seu objetivo.
Um vilão bem definido ajuda a:
– Criar conexão emocional imediata com o público.
– Destacar a relevância da solução oferecida pela sua startup.
– Tornar a mensagem clara e memorável.
Como definir o vilão certo
1. Identifique o principal obstáculo do seu cliente: O que realmente impede seu público de alcançar seus objetivos? Esse obstáculo deve ser claro, tangível e urgente.
2. Seja específico: Um vilão genérico, como “problemas financeiros”, não cria impacto. “Taxas abusivas” ou “falta de acesso a crédito” são muito mais eficazes.
3. Conecte-se à emoção do cliente: O vilão deve gerar uma reação emocional, como frustração, medo ou raiva. Quanto mais o cliente se identificar emocionalmente com o problema, maior o impacto.
Quem acertou… ou não, na definição do vilão!?
Quem acertou: Nubank
O Nubank definiu seu vilão com precisão: a burocracia e os custos ocultos dos bancos tradicionais. A narrativa era clara: “Acabe com a complexidade desnecessária e controle seu dinheiro de forma simples.” Essa definição ajudou o Nubank a criar uma base de clientes fiéis que se identificavam com a luta contra o sistema bancário tradicional.
Quem não acertou: Juicero
A startup Juicero, que produzia máquinas de suco conectadas, não conseguiu definir um vilão relevante. A narrativa girava em torno de “oferecer sucos frescos com alta tecnologia”, mas não estava claro qual era o problema que justificava uma solução cara e complexa. Sem um vilão convincente, o produto perdeu relevância e foi abandonado.
Quem acertou: Airbnb
No início, o Airbnb focou em um vilão que todos conheciam: a impessoalidade e os altos custos dos hotéis tradicionais. A mensagem “Sinta-se em casa, onde quer que esteja” contrastava diretamente com o problema que queriam resolver, criando uma narrativa simples e poderosa.
Quem não acertou: WeWork
Embora tenha começado bem ao combater o vilão dos escritórios tradicionais engessados, a WeWork perdeu o foco ao expandir sua narrativa para conceitos muito amplos, como “transformar o futuro do trabalho”. Sem um vilão claro, a história perdeu força, e o público deixou de se conectar emocionalmente.
Características de um bom vilão
– Relevante para o momento: O vilão deve ser algo que afeta diretamente o cliente agora. Problemas que não parecem urgentes não geram conexão emocional.
– Tangível e identificável: “A falta de tempo” é genérica demais. “A burocracia que consome horas do seu dia” é mais concreta.
– Vencível com ajuda: O cliente precisa acreditar que pode superar o vilão com as ferramentas que sua startup oferece.
Conclusão
Definir o vilão é mais do que um truque de narrativa: é uma estratégia essencial para startups que desejam construir uma comunicação clara e impactante. Quando o vilão é bem escolhido, ele não apenas torna a história mais envolvente, mas também fortalece a conexão emocional entre sua marca e seus clientes.
Portanto, pergunte-se: qual é o grande vilão que você quer ajudar seu cliente a derrotar? A resposta a essa pergunta pode ser o ponto de virada na história da sua startup.