Desde o início do ano, a Binance está sob pesado escrutínio da Justiça norte-americana, que acusou a exchange de criptoativos de praticar lavagem de dinheiro. Como parte de um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, o fundador e CEO Changpeng “CZ” Zhao deverá renunciar ao cargo de líder da fintech.
Segundo reportou a Forbes, a decisão de CZ faz parte de um acordo de US$ 4 bilhões firmado entre a Binance e o órgão do governo ianque, juntamente com a Commodities Futures Trading Commission. Entretanto, o outro grande órgão regulador do mercado financeiro dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC), não está envolvida no acordo.
A formalização da saída de CZ, assim como a do acordo com o Departamento de Justiça deve acontecer ainda nesta terça (21), com a presença de CZ prevista em um tribunal federal em Seattle.
Como parte do acordo, CZ também se declarará culpado das acusações de combate à lavagem de dinheiro apresentadas pelo Departamento de Justiça. Em junho, a SEC indiciou a Binance – e por consequência, CZ – por operar uma corretora não registrada e enganar os investidores ao usar um fundo fantasma para inflar o volume de negociação na plataforma norte-americana da Binance.
Na ocasião, foram 13 processos lançados pela SEC contra a Binance. “Alegamos que as entidades Zhao e Binance se envolveram em uma extensa rede de engano, conflitos de interesse, falta de divulgação e evasão calculada da lei”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler, em junho.
Algumas semanas depois, a empresa chegou a fazer cortes internamente para lidar com o baque em suas operações, demitindo cerca de mil dos 8 mil colaboradores que possuía globalmente.
Apesar do revés bilionário, que deverá entrar para história como uma das maiores penalidades para o setor de cripto, o acordo com o governo dos EUA significa uma saída para a Binance continuar operando no mercado norte-americano, passando a atuar dentro das regulamentações locais – e debaixo da “lente microscópica” dos órgãos reguladores.
A queda
A queda de CZ é mais um capítulo na derrocada significativa que o mercado cripto vem passando desde o ano passado. Além de passar por uma crise de desvalorização no mercado, escândalos em corretoras contribuíram para minar a confiabilidade das criptomoedas e seus players.
Vale lembrar que, no ano passado, uma das maiores corretoras do mercado, a FTX, foi a protagonista de uma implosão. Em poucos dias em novembro, a corretora passou de uma avaliação de US$ 32 bilhões para a falência, à medida que a liquidez secou, fazendo clientes e investidores (incluindo fundos como Sequoia e SoftBank) baterem em retirada.
Em agosto deste ano, Sam Bankman-Fried, fundador e ex-CEO da FTX, foi condenado à prisão, depois que Lewis A. Kaplan, um juiz federal de Nova York, revogou sua fiança.