Crise

FIM: Justiça decreta falência da Yellow e Grin, de bikes e patinetes

Startups se fundiram em 2019 dando origem à Grow e no mesmo ano somaram um prejuízo de quase R$ 350 milhões

Patinetes Grow (Foto: Marcio Bruno/Divulgação)
Patinetes Grow (Foto: Marcio Bruno/Divulgação)

Lembra da Yellow? Não, não aquele hit do Coldplay dos anos 2000 sobre como as estrelas brilham para você. A outra Yellow. A startup brasileira de aluguel de bicicletas e patinetes elétricos que se fundiu com a mexicana Grin em 2019, dando origem à Grow. Pois bem, a empresa, que estava em recuperação judicial (RJ) desde 2020, acaba de ter sua falência decretada pela Justiça de São Paulo.

O Startups teve acesso à íntegra do documento da sentença, assinado na última segunda-feira (6). “As recuperandas afirmaram que, por circunstâncias alheias à sua vontade, não puderam honrar com o cumprimento do plano e que não há expectativas de soerguimento da atividade. A administradora judicial, por intermédio da petição de fls. 6.359/6.366, opinou pela convolação da recuperação judicial em falência”, diz o texto.

Na decisão, o juiz João de Oliveira Rodrigues Filho determinou que os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial. “Deverá o administrador judicial proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de destituição”, define o documento. Os credores terão um prazo de 15 dias para apresentar suas “habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados”.

Quando a Yellow e Grin se fundiram, elas tinham a ambição de ser a companhia líder em micromobilidade na América Latina. Juntas, elas chegaram a ter 1.360 funcionários, 910 mil usuários ativos e uma frota de 25 mil bicicletas e patinetes elétricos em 20 cidades do Brasil. Mas a febre durou pouco. A Grow entrou com pedido de recuperação judicial em meados de 2020, depois de fechar a operação em 14 cidades e acumular uma dívida de R$ 38 milhões.

No mesmo ano, a empresa demitiu metade de seus funcionários, operando de forma enxuta frente à instabilidade econômica causada pela pandemia e à redução da mobilidade diária das pessoas na cidade por conta do isolamento social. Mas a Grow já vinha enfrentando dificuldades antes mesmo da Covid-19.

Em 2019, a Grin e a Yellow somaram um prejuízo de quase R$ 350 milhões apenas no Brasil, segundo documentos apresentados no processo de recuperação judicial (RJ) aos quais o Startups teve acesso.
O pedido da RJ foi aceito pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo em setembro de 2020. A companhia chegou até a colocar seus patinetes à venda em um leilão de ativos como uma opção para pagamento de dívidas quando já não estava mais operando.