Se o ano de 2023 foi de sobrevivência, 2024 será marcado pela recuperação das startups e preparação para retomar o ritmo de crescimento a partir do ano que vem. A avaliação é de Amure Pinho, fundador do Investidores.vc e ex-presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). “É como aquela música, ano passado eu morri, mas este ano eu não morro”, brinca o investidor.
Em entrevista exclusiva ao Startups, ele afirma que este ano não será marcado por grandes rodadas de investimento. Enquanto passavam pela seca do venture capital, muitas startups conseguiram reestruturar seus modelos de negócio, equilibrar as contas e começar a gerar caixa por conta própria. Para Amure, quem sobreviveu conseguiu alcançar uma maturidade que permite escolher os investidores com mais calma.
“Como já passaram pela tempestade, essas startups estão segurando e trazendo a captação para o terreno deles de jogo. Os empreendedores não querem fazer grandes rodadas, querem fazer um path para a série A. Esse é o ano de chegar bem. De captar um pouco, construir a série A, sair da arrebentação, para em 2025 estar quente”, explica.
Volta do M&A
Mas a sensação de aquecimento não está apenas no lado dos fundadores. Amure acredita que o mercado como um todo está em compasso de espera pelo melhor momento para dar a partida. O investidor que passou pelo inverno junto com as startups investidas está mais paciente e entendeu a importância de ter em seu portfólio empresas bem estruturadas. Por isso, a cautela é maior na hora de decidir os novos aportes.
“O investidor está vendo as suas startups começarem a receber novas rodadas, mas ainda tem que ajudar esse empreendedor. E no geral não tem se preocupado tanto com valuation, mas com encontrar negócios que demonstrem uma habilidade de controle e crescimento. Mas a sensação é positiva, de que great times are coming“, avalia o fundador do Investidores.vc.
Outro sinal de otimismo no mercado vem do lado das fusões e aquisições (M&A). Empresas que são grandes compradoras de startups já começaram a anunciar a intenção de fazer negócios este ano, e as próprias boutiques de M&A, segundo Amure, também têm começado a se movimentar.
“Já comecei a receber mensagens de boutiques de M&A buscando startups em segmentos específicos e tivemos um grupo de Santa Catarina olhando startups nossas. Antigos compradores começaram a botar as asinhas de fora, e existe um flerte natural do mercado que começa a acontecer”, aponta.
Novos produtos e investimentos
A perspectiva de novos exits, inclusive, impulsionou a criação de um novo produto educacional do Investidores.vc. A plataforma de investimento anjo levantou uma rodada de R$ 2,5 milhões recentemente e lança em junho a primeira turma do curso Exit.vc.
Cerca de 80% do faturamento da empresa vem das imersões de conteúdo, que até então consistiam em cursos para fundadores e investidores. Agora, com o novo produto, a ideia é “ensinar o dono do negócio a perder o medo de vender”, segundo Amure. A primeira turma será aberta apenas para a rede interna do Investidores.vc, e terá entre 50 e 60 alunos.
“Queremos ajudar o dono do negócio a entender o caminho da saída. E, para muitos, o M&A é o caminho”, aponta o investidor.
O Investidores.vc também planeja fazer mais sete investimentos em startups até o fim deste ano, com foco em early stage, B2B e Software as a Service (SaaS). Cada rodada consiste em um pool de 40 a 50 investidores, com investimento mínimo de R$ 25 mil por cada um, totalizando entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. “A ideia é fazer R$ 15 milhões em investimentos este ano, já fizemos mais de R$ 5 milhões”, afirma Amure.