
A inteligência artificial tem se tornado parte fundamental não apenas dos negócios das startups, mas da própria operação. Com a tecnologia, essas empresas têm conseguido desenvolver mais, com times menores, reduzindo seus custos. O resultado é uma menor dependência do venture capital, fazendo com que essas empresas sigam operando por mais tempo com capital próprio – ou bootstrapped, em inglês.
Essa foi a percepção de Jason Bennett, VP de Global Head of Startups and VC na AWS, durante conversa com jornalistas nesta terça-feira (02), no re:Invent 2025.
“Temos visto cenários em que companhias estão se apoiando em rodadas Seed menores ou podem até mesmo permanecer bootstrapped por períodos mais longos de tempo porque conseguem fazer muito mais com menos”, disse o executivo.
Para Jason, esse movimento tem gerado uma demanda das startups que vai além dos recursos financeiros, mas inclui, por exemplo, acesso ao ecossistema e a conhecimento – o famoso smart money.
“Acho que esse novo cenário também aumenta a importância das aceleradoras, como YC e a16z Speedrun. Inclusive, temos visto cada vez mais aceleradoras surgindo, justamente como uma forma de oferecer acesso a outros fundadores e outros mentores que podem trazer muitas ideias valiosas sobre como esses founders gostariam de operar”, aponta.
Perguntado sobre a possibilidade de uma bolha da IA, Jason ressaltou que esse é um mercado recente, que possui cerca de três anos, e é difícil prever o que acontecerá no futuro. No entanto, ele destacou que o valor criado pela inteligência artificial tem justificado os investimentos na tecnologia.
“Muitas vezes, quando as pessoas falam sobre bolhas, elas se referem a situações em que o volume de investimento supera, e muito, o retorno que esse investimento provavelmente trará. Acho muito difícil afirmar, com seriedade, que o impacto da IA e da IA generativa não será extremamente grande em praticamente todos os aspectos da vida como a conhecemos hoje”, argumentou.
Ao longo de 20 anos, a AWS já apoiou mais de 330 mil startups, por meio do programa AWS Activate, que oferece aos fundadores créditos para ajudá-los a fazer experiências na nuvem com pouco ou nenhum custo inicial. Desde 2024, esses créditos também são aceitos na Amazon Bedrock, plataforma que oferece acesso a uma série de diferentes modelos de linguagem.
“Uma das primeiras coisas que estamos percebendo de forma bastante significativa é que as empresas estão desenvolvendo produtos muito mais rápido. Elas estão tentando chegar ao MVP – ou, na verdade, ao MLP, o minimum lovable product – ainda mais rapidamente. E fazem isso porque sabem que, quanto antes chegarem lá, mais cedo poderão obter percepções e feedback dos clientes”, disse Jason, destacando que, para isso, as startups têm recorrido a múltiplos agentes de IA.
*A jornalista viajou a Las Vegas a convite da AWS