fbpx
Compartilhe

A era do crescimento das startups a qualquer custo chegou ao fim, dando lugar ao crescimento sustentável. O novo discurso do mercado é bonito na teoria, mas na prática exige dos investidores uma mudança de postura que nem sempre acontece. Defensora de um venture capital “com mais empatia”, a aceleradora Darwin Startups está se preparando para lançar seu primeiro Fundo de Investimento em Participações (FIP) e pretende conquistar os fundadores com recursos que vão além do dinheiro.  

Fundada em Santa Catarina em 2015, a aceleradora já investiu em 100 startups com veículos voltados para aportes de grandes corporações. Nesses investimentos, a Darwin garantia normalmente o primeiro cheque das startups, com valores de menos de R$ 1 milhão. Agora, com o FIP, a ideia é dar continuidade a esses aportes e atrair novos investidores.

Em entrevista ao Startups, Marcos Mueller, CEO da Darwin, conta que a previsão do fundo é investir R$ 100 milhões em até 20 startups. O primeiro closing, de R$ 70 milhões, está previsto para ocorrer ainda este ano, assim como o investimento na primeira empresa. “Vamos ter corporações investindo no novo fundo, mas também queremos trazer novos parceiros, como family offices e investidores institucionais, que antes não podiam investir com a gente porque nossos veículos não tinham os parâmetros exigidos. A ideia é trazer como ativos empresas em que a gente já investiu e já temos todo o histórico”, diz.

Segundo Marcos, o perfil buscado é de startups em estágios pré-seed e seed, e os cheques poderão variar entre menos de R$ 1 milhão e R$ 8 milhões. Entre as novidades do fundo está a tese agnóstica, em contraste com o foco em fintechs que a Darwin tinha até então.

“Como nossa tese era muito dentro do ecossistema dos parceiros corporativos, ou seja, aquilo que fazia parte das teses deles, houve oportunidades que chegaram até a gente que não pudemos investir. Agora, queremos olhar para investimentos mais agnósticos, como saúde, agro, educação e logística. Não queremos ser restritos a fintechs, que é onde somos mais conhecidos. Também não temos restrição geográfica”, explica o CEO.

Foco nos fundadores

A opção pelo early stage tem a ver com a estratégia da Darwin de estabelecer uma relação mais próxima com os fundadores. Marcos explica que dessa forma é possível participar mais de perto do processo de formação da empresa e “diluir o risco de precificar errado o ativo”. Com o histórico de aceleradora, a Darwin quer ser uma espécie de mentora para os empreendedores.

Para isso, a sinergia com os fundadores é um dos principais critérios considerados pelos investidores. O CEO da Darwin conta que a decisão é baseada especialmente na visão de sucesso que os empreendedores têm para o negócio, e no que ele chama de “mínimo sucesso viável”, ou seja, de até onde o sonho vai. Segundo ele, esse alinhamento de expectativas é fundamental para que a parceria funcione para as duas partes.

“O founder precisa entender que a gente está do lado dele, sem pressão por resultado, por multiplicar o retorno. Eu não acredito que o venture capital seja sobre alocar dinheiro, mas sim gerar valor sobre o dinheiro alocado. A bandeira que a gente defende é que existe um jeito mais saudável de fazer venture capital. Acreditamos muito nesse caminho mais empático”, aponta Marcos.

LEIA MAIS