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Além de Nubank, Stone e Vtex, existe um outro unicórnio brasileiro cujas ações são negociadas em uma bolsa americana e que tem chamado a atenção de diversos países. Trata-se da Eve Air Mobility, subsidiária que nasceu como startup na Embraer-X, a aceleradora da empresa brasileira de aviação, e que hoje é um dos players globais na corrida pelo lançamento dos “carros voadores”. Em entrevista ao Startups durante o Web Summit Rio, o presidente da Embraer-X, Daniel Moczydlower, contou que a companhia já recebeu 2.900 encomendas da aeronave, antes mesmo de terminar a construção da fábrica, em Taubaté, interior de São Paulo.

“A gente tem encomenda no Brasil, nos Estados Unidos, de vários países da Europa. Na Ásia temos Japão, Singapura. Tem a Austrália. A gente estima que o Rio de Janeiro, até 2035, vai ter demanda para em torno de 250 desses veículos no céu ao mesmo tempo. São Paulo, em torno de 400”, afirma Daniel.

O IPO da Eve na Bolsa de Nova York ocorreu em maio de 2022, com valuation de R$ 2,4 bilhões, e com a Embraer como principal acionista. “Na história da Embraer foi um marco, porque a gente criou um unicórnio brasileiro. Na verdade, nasceu valendo dois unicórnios”, relembra.

A expectativa é que os testes com os primeiros protótipos aconteçam ainda este ano. A aeronave eVTOL da Eve está programada para iniciar as entregas e entrar em serviço em 2026.

Aeronave eVTOL, da Eve, já recebeu 2.900 encomendas (Foto: Divulgação)

Investimentos de CVC

O executivo destaca a importância da inovação aberta para que a empresa de aviação mantenha sua competitividade entre os players do setor e para desenvolver dentro de casa outras startups como a Eve, que se integrem ou complementem os negócios do conglomerado. Para isso, a companhia também tem apostado no corporate venture capital (CVC).

O primeiro fundo desse tipo foi o Embraer Ventures, criado em 2014, e que já foi todo investido. Em 2018, a empresa investiu no Fundo Catapult Ventures, sediado no Vale do Silício, nos Estados Unidos. E, no começo do ano passado, começou a investir no fundo MSW MultiCorp 2, da gestora carioca MSW, que já possuía entre os investidores corporações como Moura Baterias, BB Seguros e AgeRio.

“A gente ainda está captando para este fundo. Estamos conversando com outras empresas que possam ter interesse em co-investir. Mas apesar de ainda estar captando, esse fundo já começou a investir. E uma investida superinteressante é a Speedbird Aero, startup de drone delivery, que está fazendo entregas para o iFood, para laboratórios, no Reino Unido, Singapura. É um mercado que, com certeza, a Embraer não seria competitiva, mas a gente está aprendendo muito com eles”, aponta Daniel.  

Para o presidente da Embraer-X, o mercado de aviação está passando por um momento de transformação, em que novos players começam a ganhar espaço em um cenário que até então era dominado por poucas grandes empresas, como Boeing e Airbus. No seu balanço de resultados do primeiro trimestre, inclusive, a Boeing informou que entregou 83 aviões comerciais no período, uma queda de 36% em comparação com o primeiro trimestre do ano anterior. A empresa encerrou o 1T24 com prejuízo de US$ 343 milhões e suas ações já acumulam queda de 30% neste ano.

“Há muito tempo não surgiam novas startups nessa indústria. E hoje a gente olha até mesmo aqui no Brasil empresas superinteressantes querendo criar aeronaves, drones. E a gente vê muitas nos Estados Unidos, na Califórnia. O futuro está em aberto. E se a gente não participar disso de alguma maneira um belo dia eu abro o jornal e posso ver que alguma startup criou uma solução que pode ser mais interessante para o cliente da Embraer do que o que eu estou fazendo. É isso que eu não posso deixar acontecer. A gente prefere liderar a disrupção”, explica o executivo.

Do agro aos combustíveis

Entre as startups investidas pela Embraer-X estão empresas de diversos setores, desde fabricantes de drones, a aplicativos de serviços de manutenção de aeronaves, combustíveis alternativos, robôs marinhos, entre outros.

“Fizemos investimento na XMobots, uma empresa de drones para aplicação agrícola e militar, que também estamos muito animados com o crescimento deles. O agro brasileiro é uma potência da nossa economia e cada vez mais sofisticado do ponto de vista da tecnologia. A gente até aumentou a participação na empresa. E a Embraer não está só nos ares. A Marinha do Brasil também é um cliente importantíssimo da Embraer, a gente tá no projeto das fragatas, do submarino nuclear”, contou Daniel.

Segundo o presidente da Embraer-X, a estratégia de venture capital da aceleradora é um pilar importante do open innovation, que não necessariamente precisa estar dentro do core business da companhia. Entre as pautas que o braço de CVC busca estão zerar as emissões de carbono da aviação, por exemplo, e sistemas autônomos, com inteligência artificial. “A gente tem temas de eletrificação, mobilidade elétrica, de baixo carbono. Combustível sustentável de aviação foi um dos investimentos que a gente fez junto com a United nos Estados Unidos. Baterias, hidrogênio verde. Tem muitas coisas acontecendo e a gente não pode baixar a guarda”, finaliza.

Confira a entrevista completa com o presidente da Embraer-X, Daniel Moczydlower, no nosso canal no YouTube.

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