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Loccus quer apoiar startups de agro e saúde em todo o Brasil

Loccus foi uma das principais fornecedoras de PCRs durante a pandemia e está lançando CVC e CVB coordenados pela MOA Ventures

Eduardo Araújo, CEO da Loccus do Brasil
Eduardo Araújo, CEO da Loccus do Brasil. Foto: Divulgação

Antes de 2020, se eu começasse esta matéria falando sobre testes de PCR, ninguém saberia do que se trata. Mas, passada a pandemia, o exame para detecção de Covid-19 se tornou uma sigla conhecida – e boa parte das pessoas passou pela experiência nada agradável de ter um cotonete inserido no nariz. Sediada em Cotia, no interior de São Paulo, a Loccus é uma das principais fornecedoras de materiais para PCR no Brasil e agora está lançando um ecossistema de inovação para apoiar startups nos segmentos de agro e saúde.

O programa, que conta com um Corporate Venture Capital (CVC) e um Corporate Venture Building (CVB), é coordenado pela MOA Ventures, uma espécie de plataforma white label para empresas que querem integrar mais inovação às suas operações.

A Loccus entrou para o segmento de saúde durante a pandemia, ao perceber que suas plataformas de extração de material genético, até então usadas no agronegócio, poderiam ajudar a desafogar os laboratórios que atuavam com o diagnóstico de Covid.

O programa da Loccus será dividido em duas áreas: Bios e Nanos. A primeira é voltada para startups que criam soluções baseadas em bioinsumos para o agro e soluções para diagnóstico molecular/detecção para os segmentos do Agronegócio, Saúde Humana e Animal. Já a Nanos foca em startups que desenvolvem aplicações em nano/biotecnologia e diagnósticos para esses segmentos.

Em entrevista ao Startups, Marcos Buson, sócio-fundador da MOA Ventures, explica que o valor dos cheques é aberto e que a busca é por empresas early stage, em modelos B2B, B2C e B2B2C, com tecnologias entre a fase de validação e ensaios com o protótipo, utilizando parâmetros reais (TRL 5 a 7), já engajadas em projetos-piloto ou que tenham seus primeiros clientes.

Segundo ele, também não há um limite para o número de empresas que serão apoiadas pelo programa. “Quanto mais, melhor. Mas tem que ser inovação disruptiva. O modelo de investimento e apoio é bem customizado de acordo com a startup”, afirma.

Eduardo Araújo, fundador da Loccus, reforça que a empresa oferece desde investimento financeiro até suporte para desenvolvimento de produtos, estratégias de mercado e internacionalização. “A estratégia de investimento abrange instrumentos como equity, convertible notes, joint ventures e preferências de investimento, com uma visão de longo prazo que inclui aquisições, spin-offs e integração ao ecossistema da Loccus”, diz.

MOA Ventures

Fundada em 2019 por Marcos Buson, Odilo Junior e Alan Freeman, a MOA Ventures nasce com o objetivo de “criar a antítese da tese clássica da Faria Lima de procurar o próximo Nubank”, brinca Marcos.

Segundo ele, o segmento mais desassistido pelos investidores era a indústria, que é justamente o segmento que mais contribui para a economia do país, atrás dos serviços. Entre as áreas de atuação da empresa estão Saúde (healthtechs), IoT & Wearables, Logística e Varejo 4.0, Smart Cities e Energia, e Agro (agtechs).

Com os incentivos do governo para a neoindustrialização, a tese da MOA Ventures ganha ainda mais força, passando a contar com os recursos dos editais de fomento à inovação. Segundo a empresa, as startups do seu portfólio já captaram mais de R$ 50,2 milhões com esses editais.

Entre os parceiros e clientes da MOA Ventures estão o Sebrae Startups, Sistema S, Nissan, Usaflex, Whirlpool, entre outras.

“As empresas em que investimos estão realmente criando inovação. E agora já temos também outros fundos investindo nas nossas empresas em follow-ons, o que é muito positivo considerando que o venture capital normalmente prioriza SaaS, enquanto o deep tech não está no hype. Mas nossa tese tem se encaminhado para uma validação”, avalia Marcos.