
O Fundo GovTech, gerido pela KPTL em parceria com a Cedro Capital, vai encerrar 2025 com o pé no acelerador. Após atrair um investimento da Finep e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o fundo dobrou de tamanho, passando de R$ 49 milhões para R$ 105,7 milhões. Para 2026, o fundo planeja triplicar, checando a R$ 150 milhões, com a entrada de novos investidores.
Com mais recursos em caixa, o Fundo GovTech, que hoje tem seis investidas, pretende adicionar mais três startups ao seu portfólio até o fim do ano. Em dois anos, a ideia é investir entre 20 e 25 empresas.
A Finep comprometeu R$ 40 milhões, enquanto a Fapesp aportará R$ 30 milhões no fundo, respeitando o limite de até 15% do patrimônio líquido do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O FIP conta ainda com a participação de outras agências de fomento, como Badesul, Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio) e GoiásFomento, além de empresas como Positivo e Multilaser.
Recentemente, o fundo fechou uma parceria com a Prodesp, empresa de tecnologia do Governo de São Paulo, por meio de seu programa Prodesp For Startups, para conectar startups com o setor público.
“Quando olhamos para o governo federal, o Brasil já avançou muito na transformação digital de serviços públicos. A maior parte das pessoas já usa o Gov.br. Mas esse processo em estados e principalmente municípios tem muito para avançar ainda. Estamos falando da última milha dos serviços públicos, onde é mais difícil de promover a transformação digital. O que era fácil já foi. Agora são serviços mais complexos: educação, saúde, transportes, que são tipicamente municipais e estaduais. Apostamos que essa parceria é grande oportunidade de acelerar esse movimento de inovação”, afirma Adriano Pitoli, Head do Fundo GovTech na KPTL, em entrevista ao Startups.
Segundo ele, o papel do fundo é identificar onde o setor público tem gargalos que podem ser resolvidos por tecnologia. A Prodesp oferece uma vitrine de desafios reais e startups preparadas para escalar suas soluções, aponta o investidor.
Lançado este ano no SXSW, em Austin (Texas), o Prodesp For Startups já recebeu mais de 270 inscrições, reunindo empreendedores de 15 estados brasileiros e homologando 35 startups até o momento. O programa recebe empresas em diferentes estágios e mais de 20 segmentos. O faturamento anual médio das startups inscritas no programa é de R$ 10,9 milhões.
“Vemos muita robustez nessas startups, muitas já têm clientes do setor governamental”, conta Johnatan Highlander, Head de Inovação da Prodesp. “Nosso objetivo é que através da nossa plataforma e de encontros que promovemos essas empresas tenham a oportunidade de se aproximar ainda mais do poder público”.
Com a parceria, a ideia é que o Fundo GovTech consiga levar novas oportunidades para as startups do seu portfólio, além de ter acesso a um novo pipeline de empresas que se encaixam na tese do fundo, que inclui transformação digital e automação de processos; inteligência de dados e analytics; cibersegurança e infraestrutura tecnológica; e serviços digitais para governos.
Segundo Adriano, a contratação de soluções inovadoras pelo poder público é um desafio, já que demanda processos burocráticos, como licitações. Por meio da parceria com a Prodesp, a ideia é que esses processos sejam facilitados.

O Prodesp For Startups funciona como uma espécie marketplace de soluções para as autarquias do estado. Por meio de um chamamento público, a Prodesp vai montar um portfólio de startups que possam resolver diferentes desafios da gestão pública. Quando as demandas surgirem, essas empresas poderão ser acionadas.
“As secretarias poderão contratar essas startups através da Prodesp sem licitação, por meio de contratação direta, porque a Prodesp faz todo o processo jurídico e arca com os riscos. Isso faz com que a solução chegue para o ente público sem esse processo burocrático”, explica Highlander.
Investidas
Entre as investidas do Fundo GovTech estão empresas como Colab, app de relacionamento entre cidadãos e prefeituras; Prosas, plataforma de gestão de editais socioculturais; e StartGi, especializada em licitações e CRM para vendas públicas.
Recentemente, entraram i4Sea, que fornece previsões microclimáticas para ativos de infraestrutura portuária e do setor elétrico, e GRTS Digital, que digitaliza as a gestão das relações trabalhistas e sindicais.
O Fundo também já teve seu primeiro exit, em 2024. Sua primeira investida, a Augen, de soluções de automação para o tratamento de água, foi comprada pela empresa de ciência e tecnologia aplicada à sustentabilidade Biosolvit, por R$ 48 milhões.