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Futurum abre fundo de VC para investidores qualificados

Gestora é investidora da OpenAI e está prestes a lançar dois novos fundos, no Brasil e em Portugal, com foco em deep techs e life science

Eduardo Zaidan, fundador e Co-CEO da Futurum Capital. Foto: Divulgação
Eduardo Zaidan, fundador e Co-CEO da Futurum Capital. Foto: Divulgação

Captação tem sido um desafio para os fundos de venture capital este ano, uma consequência das taxas de juros ainda altas no Brasil e nos Estados Unidos. Para driblar a crise, a Futurum Capital decidiu apostar em um tipo diferente de bolso: os investidores qualificados.

Tradicionalmente, o capital de risco capta seus recursos com investidores profissionais, isto é, fundos de pensão, family offices, fundos de investimento, entre outros. Prestes a lançar seu segundo fundo de early-stage – um “feeder” do Fundo 1 –, a Futurum abriu captação para investidores qualificados, com aportes iniciais a partir de R$ 25 mil.

Com isso, qualquer pessoa que tenha a partir de R$ 1 milhão investido poderá se tornar um cotista do fundo. Os investimentos poderão ser feitos na plataforma do BTG ou por meio dos agentes autônomos ligados à instituição.

“Queremos dar espaço para pessoas que não são investidores profissionais possam investir em venture capital. Entendemos que existe hoje uma classe média alta que não tem acesso a fundos de VC puros, só em fundos multimercado, por exemplo. E sentimos que existe uma demanda por esses produtos”, afirma Eduardo Zaidan, fundador e co-CEO da Futurum Capital.

Em entrevista exclusiva ao Startups, ele conta que o fundo é regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o que oferece mais segurança aos investidores em relação a plataformas de crowdfunding, por exemplo.

Investimento na OpenAI

O segundo fundo da Futurum vai investir em cerca de 25 empresas, em estágios pré-Seed, Seed e pré-Série A, com cheques de, em média, R$ 2,5 milhões. No entanto, a casa pode abrir exceções. Foi o caso da OpenAI, a criadora do ChatGPT, na qual a gestora investiu US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões), em uma Série A que levantou um total de US$ 7 bilhões.

“Adoraríamos ter feito mais, mas eles fecharam o investimento em sete dias, e isso foi o que conseguimos fazer naquele momento. Mas agora que estamos dentro temos a prerrogativa de fazer novos aportes. A OpenAI foi um investimento muito estratégico, e acreditamos que vai dar um flavour a mais para o fundo”, avalia Eduardo.

O foco do veículo são startups de deep tech e life science. Além de inteligência artificial, há interesse por setores como segurança digital, engenharia de alimentos, canabidiol, novos materiais, entre outros.

Eduardo afirma que a Futurum é bastante agnóstica com relação às teses, mas que busca empresas “altamente escaláveis”, de base tecnológica e com potencial de internacionalização. A gestora atua no Brasil, Estados Unidos (Miami), Portugal (Lisboa) e Emirados Árabes (Abu Dhabi). “A tecnologia não precisa ser o fim, mas tem que ser o meio”, explica.

Fundo em Portugal

Além do Fundo 2, a Futurum irá lançar seu terceiro veículo de venture capital em Portugal, em parceria com o Banco Português de Fomento. Segundo Eduardo, o fundo de € 50 milhões está em fase final de captação e os investimentos devem começar a ser feitos em janeiro.

Para receber os aportes, as startups precisam ter operações em Portugal, embora não precisem ser de fundadores portugueses, necessariamente.

“Queremos mandar empresas do Brasil para lá. Portugal tem muitas vantagens. Está no centro da time zone, tem uma série de incentivos, recebe muitas pessoas qualificadas, faz parte da bolsa europeia”, avalia Eduardo.

Verticais da Futurum

Além do braço de venture capital, a Futurum possui outras cinco verticais: Developer; Tech; Hub; Education e CVC. Juntas, essas áreas formam um ecossistema de inovação que abrange todas as fases do empreendedorismo.

A Futurum Developer, por exemplo, engloba as áreas de Financeiro, RH, Marketing e outros setores estratégicos para ajudar no desenvolvimento das startups investidas. “Fazemos reuniões periódicas com as startups para não deixar que eles cometam os mesmos erros que nós, empreendedores mais antigos, cometemos”, explica Eduardo.

Na vertical de Tech, a Futurum ajuda os empreendedores a desenvolverem suas soluções tecnológicas, enquanto no Hub essas empresas têm acesso a um espaço de coworking na Vila Madalena. O prédio de quatro andares conta com 160 espaços, entre salas e estações de trabalho, e abriga também a incubadora, além de estúdios de podcast e áreas de eventos.

Com a Futurum Education, fundadores têm acesso a conteúdos educacionais. A empresa também representa com exclusividade na América Latina a Venture University, de Palo Alto, na Califórnia.

Por fim, a Futurum possui seu braço de corporate venture capital (CVC), que atua tanto com fundos exclusivos de empresas, quanto fundos multi corporate.

Na vertical de venture capital, além dos fundos, a Futurum possui outras áreas, como a de análise de empresas e até mesmo uma mesa de câmbio. O setor pode fazer operações tanto internamente, quanto para as startups investidas e outros players do mercado.

“A ideia é que startups com operação fora do país possam fazer remessas dentro de casa, com custo menor. Não tenho interesse em ganhar em cima disso, pelo contrário. Meu interesse é que as minhas investidas economizem esse dinheiro”, brinca Eduardo.