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Gávea Angels: Founder deve querer smart money, não só money

Eleita para a presidência do grupo nos próximos 2 anos, Alessandra Dabul diz que focará em exits e parcerias no ano que vem

Alessandra Dabul, nova presidente da Gávea Angels. Foto: Divulgação
Alessandra Dabul, nova presidente da Gávea Angels. Foto: Divulgação

Uma das redes de investidores-anjo mais antigas da América Latina, a Gávea Angels elegeu recentemente a advogada e investidora Alessandra Dabul para a presidência do grupo durante os próximos dois anos. Com quase 30 anos de experiência na assessoria de M&As para empresas nacionais e multinacionais, ela conta que o foco em 2025 será nos exits das startups investidas e no fortalecimento de parcerias.

Fundada em 2002 no Rio de Janeiro, a Gávea Angels nasceu como iniciativa do Instituto Gênesis, da PUC-Rio, localizado no bairro da Gávea, na Zona Sul da cidade. Vinte anos depois do primeiro aporte, feito em 2004, o grupo possui 40 investidas e traz o conceito de smart money como base para o seu trabalho junto às empresas.

Em entrevista ao Startups, Alessandra afirma que o smart money entra não apenas como um benefício para os empreendedores, mas como parte dos critérios para escolha das empresas investidas pelo grupo.

“A gente sabe que a resiliência do founder é um elemento crucial para o sucesso da empresa. Raramente eles vão iniciar um modelo e seguir sem mudanças e alterações ao longo desse processo. Se os founders não estiverem dispostos a receber sugestões de melhorias, é muito complicado ver um relacionamento de longo prazo. É fundamental que o founder esteja aberto a receber esse smart money, não apenas o money”, afirma.

Em 2024, a Gávea Angels realizou seis investimentos e dois follow-ons. O grupo tem 108 associados, dentro e fora do Brasil, e pretende chegar a 120 no ano que vem.

Com tese agnóstica, a Gávea costuma assinar cheques entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões, e busca startups que “já estejam rodando” e tenham faturamento mínimo. Como todo investidor de early-stage, o grupo de investidores-anjo tem olhar atento para a qualidade dos fundadores, mas também aposta nas parcerias com aceleradoras para ajudar a selecionar as startups que receberão os aportes.

Somente este ano, a Gávea Angels analisou cerca de 400 empresas. Desse total, 38 foram selecionadas para o chamado fórum, onde fazem o pitch para os associados que irão deliberar sobre a escolha das investidas. Após uma due diligence, são formalizados os contratos, feitos por mútuo conversível.

“A gente também busca implementar uma governança, mesmo que em nível inicial. E costumamos ocupar cadeira nos conselhos. Temos um olhar de ESG muito enraizado no nosso próprio DNA. E embora a gente não implemente como regramento, não há quem não olhe dentro dos nossos associados”, aponta a nova presidente da Gávea Angels.

Segundo Alessandra, enquanto o ano de 2023 foi voltado especialmente para a gestão do portfólio, o objetivo para o ano que vem é buscar opções de saída para as startups investidas, principalmente por meio de fusões e aquisições, a especialidade da nova presidente.

“Estamos fortalecendo as parcerias tanto nas entradas, quanto nas saídas. Queremos estar próximos dos fundos, de investidores estratégicos. Gostamos de nos relacionar, de estar juntos com o ecossistema. Isso agrega muito”, diz.