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Itaú Ventures: "Para fazer CVC, tem que ser com intencionalidade"

Philippe Schlumpf, superintendente do Itaú Ventures, diz que corporações devem estar próximas das empresas para extrair valor estratégico

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Itaú | Foto: Divulgação
Itaú | Foto: Divulgação

O ano de 2025 tem sido de contrastes no corporate venture capital (CVC). Enquanto algumas empresas têm desacelerado ou descontinuado suas iniciativas de investimento em startups diante de incertezas econômicas e pressões internas, o Itaú foi para o extremo oposto e adotou uma postura go hard or go home, dobrando o capital disponível para seu fundo.

Recentemente, o banco anunciou que o CVC, antes sob o guarda-chuva da Kinea, passou a operar dentro de casa, com o nome de Itaú Ventures – e passa agora a ser vinculado à Diretoria de Negócios Proprietários do Itaú Unibanco. A mudança tem o objetivo de aumentar a integração com as áreas de negócios da instituição, com foco em um maior alinhamento às prioridades estratégicas da companhia

Em entrevista ao Startups, Philippe Schlumpf, superintendente do Itaú Ventures, conta que os primeiros cinco anos do fundo na Kinea foram importantes para que o veículo amadurecesse, passando pelos altos e baixos que o mercado vivenciou nesse período. Agora, com o veículo de investimentos consolidado, o objetivo é promover uma integração maior com as unidades de negócio do banco, entendendo como as investidas se conectam com essas áreas no curto, médio e longo prazo.

Nesse período de cinco anos, o CVC do Itaú investiu em 8 empresas, com um total de R$ 250 milhões. Agora, o foco é alocar mais R$ 250 mil em um período de dois anos, com cheques de R$ 20 milhões a R$ 50 milhões. Para Philippe, não há pressa.

“Diferente de um fundo de VC que tem prazo e pressão de investir, a gente tem o benefício de poder esperar. Quanto maior o cheque, mais estratégico para o banco tem que ser”, afirma o executivo. “Para fazer CVC, tem que ser com intencionalidade. Não existe propósito em uma estratégia de CVC onde se investe R$ 200 mil e se fica com 0% de uma empresa. É preciso querer estar próximo”.

Segundo ele, mais que retorno financeiro, os gestores de CVC precisam entender quais os objetivos da “nave-mãe” com o investimento. Quanto maior o entendimento sobre as expectativas da companhia e o valor estratégico que se pretende extrair, maiores as chances de sucesso com o fundo.

Entre as áreas consideradas estratégicas para o banco estão pagamentos, wealth, seguros, crédito, cybersegurança, serviços financeiros, UX, infraestrutura e, é claro, inteligência artificial.

“Queremos investir nos melhores empreendedores e companhias que estejam transformando indústrias. O benefício do nosso lado é que, dado o tamanho do banco e as multiplicidades de clientes e necessidades internas e externas, o leque consegue ser super amplo”, acrescenta Philippe.

Além da proximidade com as unidades de negócio do Itaú, o fundo também busca estar perto do ecossistema do Cubo, o hub de inovação e empreendedorismo do banco.

Para Philippe, o momento de mercado é positivo para o Itaú Ventures, que com mais dinheiro em caixa consegue assinar cheques mais altos, e agora oferece a possibilidade de uma integração maior das empresas com a instituição.

“As melhores oportunidades chegam quando o mercado está mais difícil para captar. Mas a motivação maior é que somos um bom parceiro para as nossas investidas, conseguimos trazer uma proposta de valor. A ideia não é apenas aproveitar o momento de mercado para pagar barato. Até porque, para os bons empreendedores, não importa se o mercado está bom ou ruim, eles normalmente conseguem captar porque têm um negócio sólido”, afirma.