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Kamay Ventures: "Brasileiros são resilientes com alegria"

Fundo argentino planeja 10 novos investimentos para 2025, com foco em startups de supply chain na América Latina

Gabriela Ruggeri, managing partner da Kamay Ventures. Foto: Divulgação
Gabriela Ruggeri, managing partner da Kamay Ventures. Foto: Divulgação

Muito se fala sobre a resiliência do empreendedor brasileiro. Mas, para a argentina Gabriela Ruggeri, managing partner da Kamay Ventures, o que diferencia os fundadores brasileiros dos demais é um outro elemento: a alegria. Recém-chegada no Brasil, a Kamay atua há cinco anos na América Latina e tem demonstrado otimismo com o ecossistema local.

“O empreendedor tem que ser resiliente, em qualquer lugar do mundo. O argentino, por exemplo, é resiliente, mas não é tão resiliente com alegria. Uma das coisas que eu mais gosto no empreendedor brasileiro é a alegria, uma atitude positiva diante da vida, de tentar de novo. Acho que o restante da América Latina pode aprender com essa filosofia e levar essa atitude para os negócios”, afirma Gabriela.

A gestora argentina trouxe sua operação para o Brasil em março deste ano e possui, atualmente, três investidas brasileiras. Seu fundo multi-corporativo tem investidores de peso, como Coca-Cola América Latina, Grupo Arcor e Grupo Bimbo, além do BID Lab – o braço de inovação do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – e da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA (DFC, na sigla em inglês).

Para 2025, a Kamay Ventures planeja fazer 10 investimentos em startups latino-americanas, com foco em supply chain. A tese engloba tanto agtechs e foodtechs, quanto soluções ambientais, de logística, distribuição, e fintechs, por exemplo.

Os tickets médios são de US$ 500 mil por projeto, podendo chegar a US$ 900 mil em alguns casos. Entre os critérios para a escolha das empresas está o potencial de regionalização, ou seja, de expansão para demais regiões da América Latina.

“Há uns sete ou oito anos, eu diria que regionalização de startups brasileiras era para outras regiões dentro do Brasil. Mas, hoje em dia, já tem mais startups do Brasil olhando para fora. O mercado brasileiro foi amadurecendo com o tempo e hoje é o mais sofisticado em termos de capacidade de execução, dos empreendedores em geral, e isso começou a mostrar o potencial do Brasil para ir para outros lugares”, avalia Gabriela.

Apesar de ter grandes corporações entre seus investidores, a Kamay não funciona como um corporate venture capital (CVC), ressalta a managing partner. “Somos um fundo independente”, explica a executiva, ressaltando que há possibilidade de “fazer uma ponte” entre as startups e as companhias.

“A gente articula essa interação, mesmo que a corporação tenha outras iniciativas de inovação. Trabalhamos em conjunto com as corporações para realização de provas de conceito para validação dos projetos, por exemplo”, diz.