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Latitud Ventures conquista independência e quer ser YC latino

Braço de VC da Latitud lança segundo fundo e anuncia mudanças. Entre elas, um programa de mentoria para as investidas

Gina Gotthilf, general partner da Latitud Ventures
Gina Gotthilf, general partner da Latitud Ventures | Foto: Divulgação

As semelhanças entre a Latitud e uma das principais aceleradoras do Vale do Silício, a Y Combinator, nunca foram novidade no mercado, mas por muito tempo a brasileira evitou a comparação. Isso muda agora com a separação entre a Latitud e a Latitud Ventures, braço de venture capital do grupo, que passará a ser totalmente independente.

“Queremos ser o YC da América Latina. É claro que não copiamos tudo porque sabemos que o momento da América Latina e da Latitud Ventures são diferentes, mas estamos nos espelhando no Y Combinator“, conta Gina Gotthilf, uma das fundadoras da Latitud, que agora está dedicada integralmente à empresa de venture. “Essa divisão nos permite ter mais foco. Nossa equipe, que antes era compartilhada, agora está totalmente focada no que estamos fazendo, e as decisões são 100% pensadas para o venture”, acrescenta.

Na divisão, o braço de produtos da Latitud passou a ser liderado pelo russo-brasileiro Yuri Danilchenko, enquanto os brasileiros-americanos Gina e Brian Requarth, além do argentino Tomas Roggio, ficaram como general partners na Latitud Ventures.

Em entrevista exclusiva ao Startups, Gina anuncia duas mudanças na forma como a Latitud Ventures vinha funcionando. A primeira é que as fellowships oferecidas pela instituição há quatro anos agora terão um novo formato, em que só poderá se inscrever quem for indicado para o programa. Antes, a seleção era aberta a qualquer fundador interessado. Os fellows selecionados passam a fazer parte da comunidade de empreendedores e investidores, e a ter acesso a uma plataforma que mostra quais podem dar “match”, além de descontos em ferramentas de empresas parceiras, como AWS, Stripe e Google Cloud.

Um mentor para cada investida

A segunda mudança é o lançamento de um programa chamado Visiting Partners, em que a Latitud Ventures identifica um mentor para cada startup investida e faz com que trabalhem juntos por seis semanas.

“Essa rede de mentores era uma coisa mais desorganizada. Agora, eles são escolhidos a dedo para a startup, e os resultados foram muito bons nesse primeiro grupo. Já há casos em que o mentor decidiu investir na startup”, diz.

Entre os mentores que fazem parte dessa rede estão Stelleo Tolda (Mercado Livre), Erick Mazer (8 anos de Nubank), Michael Esrubilksy (especialista em fintechs), Martin Schrimpf (especialista em neurociência e computação, PhD MIT), Thomas Floracks (co-fundador da VivaReal, hoje fundador de startup de sustentabilidade Fincas), Guido Grinbaum (empreendedor serial, ex. co-fundador da DeRemate, vendida para o Mercado Livre), além da própria Gina.

Fundo II

A Latitud nasceu em 2020, como uma comunidade para fundadores, mentores e investidores de startups pela América Latina. Com base nas dores desses fundadores, a Latitud criou produtos para incorporação e compliance no exterior e também o Latitud Ventures Fund I, um fundo de venture capital focado em dar o primeiro cheque (pré-seed) para os melhores fundadores emergentes espalhados pela região.

Com o primeiro fundo todo investido, a Latitud Ventures já começou a captar para o segundo fundo da casa, que possui até o momento oito empresas investidas. O objetivo é fazer, ao todo, 60 cheques, sendo 40 cheques pré-seed. Depois disso, o fundo poderá fazer 10 follow-ons e co-investir em 10 outros seeds. O período de investimento vai até meados de 2026.

Entre os investidores dos fundos I e II da Latitud Ventures estão fundadores individuais como Angela Strange (a16z), Carlos García (Kavak), David Vélez (Nubank), Henrique Dubugras (Brex), Patrick Sigrist (iFood), Sergio Furio (Creditas), Sebastian Mejía (Rappi) e Stelleo Tolda (Mercado Libre), além de gestoras de venture capital globais e regionais como FJ Labs, Globo Ventures, Galicia Ventures, Industry Ventures e NFX.

“Somos agnósticos, mas a startup tem que ser tech-core. O business tem que ser a tecnologia. Até agora, investimos bastante em B2B, SaaS, fintechs, mas também temos healthtechs, edtechs. É bem variado”, explica Gina.