Natura Ventures fará 1º investimento ainda este ano

Fundo foi lançado em junho, com capital de R$ 50 milhões para três anos. Impacto será um dos critérios para escolha das investidas

Thamara Prado, gerente de Natura Ventures. Foto: Divulgação
Thamara Prado, gerente de Natura Ventures. Foto: Divulgação

A Natura lançou em junho deste ano seu primeiro veículo para investimento em startups, o Natura Ventures. Pouco mais de três meses depois, o fundo de corporate venture capital (CVC) já se prepara para fazer seu primeiro investimento, em uma empresa cujo nome ainda não pode ser divulgado.

Em entrevista exclusiva ao Startups, Thamara Prado, gerente de Natura Ventures, conta que durante esses meses foram analisadas mais de 100 startups, o que resultou na construção de três business cases – a etapa anterior à definição da empresa que será investida.

“Nossa intenção é criar uma relação duradoura com a startup. Esse é o nosso diferencial. O benefício não é apenas financeiro, mas também estratégico. A escolha da empresa passa por um comitê técnico, que tem a participação da alta liderança da Natura, que analisa o plano de retorno estratégico, garantindo que haja benefício tanto para a startup, quanto para a Natura”, explica.

Com capital inicial de R$ 50 milhões para três anos, a ideia é que o fundo invista em cerca de três empresas por ano, com cheques de R$ 2 milhões a R$ 10 milhões.

Segundo Thamara, o objetivo é que esse veículo tenha 10 anos de vida, com 12 a 15 investimentos no total. Ou seja, haveria espaço para aumento do capital disponível para os aportes.

O fundo foi desenhado para apoiar empresas nos estágios pré-Seed e Seed, em especial no Brasil e na América Latina. No entanto, Thamara afirma que a Natura tem buscado soluções de deep tech em outros mercados, como Estados Unidos. Nesses casos, os cheques podem ser um pouco maiores e os estágios podem ser um pouco mais maduros, como Série A.

Impacto como critério

O Natura Ventures foi construído em parceria com a VOX Capital, gestora de venture capital especializada em teses de impacto. Apesar de não ser um fundo de impacto, algumas dessas premissas que já fazem parte da proposta de valor da Natura também serão um critério para a escolha das startups investidas.

“A Natura tem uma questão muito forte de empoderamento feminino, então existe a ambição de que o portfólio seja formado por times com mais mulheres, por exemplo. E mesmo em empresas com fundadores homens, queremos que eles trabalhem a diversidade nessas startups. Aí entra muito do diferencial e dos motivos por terem escolhido a VOX”, explica Lívia Brando, sócia e diretora de investimentos da VOX Capital.

Além disso, depois que a startup passa a ser investida do Natura Ventures, haverá uma análise do potencial de impacto e de práticas responsáveis que essa empresa pode passar a adotar.

Thamara acrescenta que o fundo tem um alinhamento com a tese da VOX, e que esses fatores farão parte da contrapartida que a Natura espera dessas empresas.

“Não necessariamente as startups estarão prontas, do ponto de vista de impacto, quando se tornarem investidas. Nosso papel é apoiar para que eles gerem mais valor pro mercado”, diz.

Aquisições no radar

O Natura Ventures marca um novo passo para a área de inovação aberta da Natura, que já contava com programas de aceleração e parcerias com startups. Segundo Thamara, a companhia tem hoje mais de 50 startups entre seus fornecedores.

Para a executiva, embora exista a possibilidade de adquirir empresas que passem pelo investimento do Natura Ventures, esse não é o principal objetivo do fundo.

“Percebemos que faria muito sentido ter um veículo estruturado para fazer investimentos em startups para experimentar mercados, tendências e canais, por exemplo. Enxergamos o CVC como esse lugar de experimentação, de colocar o pé na água antes de pular”, afirma.

O fundo possui quatro verticais de investimento: Regeneração e circularidade; Ciclos prósperos para as consultoras e profissionais de beleza; Conexão e experiência do cliente final; Tecnologias habilitadoras para transformação.

“A beleza das iniciativas de inovação é poder conectar o conhecimento interno da corporação, que conhece muito do setor, e é uma grande máquina, com essas empresas que estão surgindo. A corporação é um transatlântico, que pode demorar para se mover. Quando se conecta a startups, ela passa a ter empresas focadas em elos muito específicos da cadeia. Junta esses dois lados é uma forma de acelerar a adoção de novas tecnologias e traz muito aprendizado”, acrescenta Lívia, da VOX.