
A Airborne Ventures está em período de captação para seu novo fundo, o Maverick. Diferente do primeiro veículo de investimento da casa, que era agnóstico, este fundo terá foco em dois segmentos específicos: fintechs e saúde. Lançado no final do ano passado, o Maverick já captou US$ 10 milhões e investiu em duas startups até o momento.
A primeira foi a Doutor-AI, em dezembro de 2024, que recebeu um aporte de US$ 1 milhão em uma rodada pré-seed, liderada pela Airborne Ventures e com participação de dois investidores-anjo, cujos nomes não foram revelados. E a outra investida do fundo é a Maggu, copiloto de IA para o setor farmacêutico.
A criação de fundos de venture capital especializados tem sido uma estratégia para atrair limited partners (LPs) em tempos de escassez de capital. “Para levantar um fundo, a gente tem que dizer aonde investe. Os LPs preferem quando é mais direcionado”, explica Eduardo Küpper, fundador da Airborne Ventures.
Segundo o investidor, a ideia é “não abrir muito a tese”, que além de fintechs e saúde, foca no segmento B2B enterprise. O valor dos cheques será entre US$ 50 mil e US$ 250 mil, com cerca de 80% dos aportes no Brasil e a possibilidade de 20% em outros países.
“A estrutura do fundo é lá fora, então estamos preparados para investir em qualquer lugar. Temos olhado para Estados Unidos e América Latina. Mas mais América Latina do que Estados Unidos. E temos feito parcerias com gestoras locais. No Uruguai, Chile e Argentina já tenho alguns olhos. Ano que vem devo olhar mais para Colômbia, México e EUA”, afirma Eduardo, que diz não ter pressa: “O primeiro ano é para conhecer, o segundo é para colocar algum cheque na mesa”.
O primeiro fundo da Airborne Ventures, no valor de US$ 40 milhões, começou a investir em 2021. Desde então, Eduardo percebeu vem percebendo as mudanças na dinâmica do mercado de venture capital local.
“Captação está sendo bem complicado. O primeiro fundo foi bem mais rápido e menos trabalhoso. Mas agora no segundo semestre está começando a destravar. Todo mês vem um novo LP”, diz ele, que tem buscado construir um fundo mais alinhado com a realidade brasileira.
Com um mercado de capitais menor que o dos Estados Unidos, Eduardo acredita ser preciso criar novas regras para o venture capital brasileiro, que desde então vinha copiando o modelo americano.
“O mercado brasileiro tem dogmas que precisam mudar. Nosso mercado de IPOs é inexistente, então faz mais sentido fazer deals menores e mais frequentes. Não dá para pagar US$ 30 milhões num Seed”, aponta.
Entre os LPs do fundo estão alguns investidores internacionais, de preferência estratégicos, que possam ajudar conectar as startups com potenciais clientes. Foi o que aconteceu com a Doutor-AI, que conseguiu em poucos meses conquistar clientes como a Rede D’Or.
A ideia, segundo Eduardo, é que LPs estrangeiros possam ajudar a abrir as portas para os seus respectivos mercados, ampliando o potencial de internacionalização das startups do portfólio. “A gente quer estar sempre one WhatsApp away”, brinca.