Em tempos de escassez no mercado, o crowdfunding tem sido uma alternativa para startups que querem captar recursos para crescer. Mas o modelo também tem atraído gestoras como a PIPE Ventures, que acaba de abrir uma rodada na plataforma para captar R$ 1,5 milhão. Os recursos serão usados principalmente para alavancar a operação da gestora e sustentar o fluxo de caixa.
Por meio do aporte, que é limitado a 7,5% de participação na empresa e tem valor mínimo de R$ 2 mil, os investidores da PIPE Ventures também acabam investindo indiretamente nas empresas do fundo, além de ter um retorno financeiro baseado em outros fatores, como as taxas de administração e de performance.
Um dos diferenciais da rodada é uma espécie de pagamento de dividendos aos cotistas. Assim que atingir R$ 10 milhões em Ebitda (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), projetado para 2027, a gestora distribuirá lucros periódicos aos participantes. Além disso, um programa de recompra prevê retorno mínimo de 5x o valor investido após atingir R$ 7 milhões em lucro líquido anual.
“É um investimento em startups com menor risco, já que os rendimentos não estão atrelados apenas à valorização dos ativos no exit, mas a receitas recorrentes, como as taxas de administração e performance”, afirma Bruno Pedroso, co-fundador da PIPE Ventures.
Paulo Deitos, CEO da Captable, afirma que apesar do momento de menos recursos circulando no ecossistema de inovação, “sempre há recursos para bons negócios”. Segundo ele, a Captable não deixou de fechar rodadas no período de baixa, mas tem lançado em menor quantidade.
“A gente aprova menos de 3% do que chega, que realmente é aquilo que tem potencial de dar mais retorno aos investidores do que deixar o dinheiro rendendo no banco. Tem um lado bom, que são os investidores analisando melhor os negócios, não tem impulso. Tem mais critério, o que acaba chancelando o estudo que a gente fez sobre a empresa. Isso traz um maior engajamento dos investidores, que podem ajudar a empresa a crescer ainda mais”, diz.
Fundo NeuroCapital
Fundada em 2023 por Bruno e Pedro Henrique Carvalho, a gestora de investimentos alternativos tem foco em fundos temáticos co-geridos por especialistas. É o caso do novo fundo da casa, o NeuroCapital, voltado para neurotecnologia, com aplicações que abrangem diversas áreas, como saúde, esportes, segurança e defesa.
Com capital previsto em US$ 200 milhões, o fundo é liderado por nomes como o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, Flávio Pripas, ex-diretor do Cubo Itaú, e Alan Rudolph, ex-diretor da DARPA, agência governamental dos Estados Unidos que desenvolve tecnologias inovadoras para segurança nacional.
A ideia é investir em 25 empresas, do Seed à Série B, com cheques de US$ 150 mil a US$ 10 milhões, dependendo do estágio de maturidade da startup.
“Um dos benefícios da rodada é a dolarização da receita da PIPE Ventures, já que o nosso novo fundo é global e estaremos mais expostos ao mercado norte-americano”, afirma Pedro.