As universidades são terrenos férteis para a inovação e para o empreendedorismo, mas o que acontece quando os alunos se formam e deixam o ambiente acadêmico? E se esses ex-alunos voltassem à universidade para transmitir sua experiência aos novos estudantes e investir nas empresas criadas por eles? Foi essa ideia que fez com que a aluna do 7º período de Ciências Econômicas da PUC-SP Maria Eduarda Mota e o ex-aluno de Administração Fernando Dias decidissem criar a PUC angels, uma rede de investidores anjo voltada principalmente para os alunos e ex-alunos da instituição.
A estimativa é que o grupo invista cerca de R$ 1 milhão em cinco startups ainda este ano. Os recursos virão de ex-alunos e investidores anjo. Ao contrário do investimento anjo tradicional, porém, a PUC angels é uma organização sem fins lucrativos, e o lucro obtido com os investimentos será revertido em bolsas de estudos na instituição.
Maria Eduarda e Fernando não se conheciam antes de começar a tocar juntos o projeto, mas perceberam simultaneamente que havia uma demanda do corpo discente por esse tipo de iniciativa dentro da universidade. Quando apresentaram suas ideias, ela para um professor do curso de Economia, e ele para um professor de Administração, os docentes então decidiram promover o encontro entre os dois. Depois disso, a estudante e o ex-aluno montaram a proposta e apresentaram à Fundação São Paulo (Fundasp), a mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que decidiu apoiar o projeto.
“Nosso grupo de anjos é diferente dos outros atrelados a universidades, pois temos o apoio formal da PUC. Para além de captar startups, temos algumas iniciativas em relação à educação. Queremos ser o meio de comunicação entre a faculdade e o mercado de trabalho, além de cativar os ex-alunos e trazê-los de volta para o ambiente acadêmico”, afirma Maria Eduarda, que é vice-presidente institucional da PUC angels.
Para fazer parte da associação, é cobrada uma taxa de associação. No entanto, alunos, bolsistas e professores da PUC têm isenção. Um dos projetos educacionais da PUC angels que está em andamento é o Company Day, em que estudantes de variados cursos são selecionados para fazerem um dia de networking em grandes empresas do Brasil, para poderem mostrar as suas habilidades e, futuramente, concorrer a uma vaga para iniciar a sua trajetória profissional.
Mentorias
O perfil das startups investidas é agnóstico, mas terá que corresponder a alguns critérios. O foco principal são modelos de negócios já com faturamento e que tenham soluções B2B e B2B2C.
“Nosso funil ainda está em construção, mas vamos analisar o faturamento médio mensal e outros pontos que vão além de ser um aluno ou ex-aluno da instituição. Se a empresa não tiver atingido esse estágio mínimo, talvez a gente encaminhe esse empreendedor para uma mentoria, para no futuro conduzir até o momento de receber investimento. Estamos construindo uma rede de professores e mentores que vão ajudar nesse processo”, explica Maria.
Neste primeiro momento, os investimentos nas startups serão feitos de forma individual por cada investidor, com o apoio e intermediação da PUC angels. Mas a ideia é que no futuro o grupo faça aportes com outros pools de investidores, como a Anjos do Brasil.
“Agora concretizamos esse projeto que quebra paradigmas dentro da PUC. Unimos forças com outros alunos e professores para oferecer um ambiente voltado à inovação, contando com diversos profissionais já formados e em formação, para mentorias à startups e espaço para incubação, no qual poderão nascer e crescer diversas novas soluções tecnológicas que farão diferença no mercado”, afirma Fernando Dias, que atua como presidente institucional da PUC angels.