South Summit 2025

Sócia da Liv Up prepara fundo para investir em climate techs

Em entrevista exclusiva ao Startups durante o South Summit, Caroline Takita Levy conta que o fundo terá foco em startups early stage

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Caroline Takita Levy, CEO da eAmazonia. Foto: Divulgação
Caroline Takita Levy, CEO da eAmazonia. Foto: Divulgação

Faltam recursos para as climate techs porque há poucas startups, ou há poucas startups porque faltam recursos? Para Caroline Takita Levy, o dilema do ovo ou da galinha ilustra bem os desafios enfrentados pelo mercado de inovação em sustentabilidade, especialmente no Brasil.

Mais importante do que encontrar uma resposta para essa pergunta, porém, é agir para mudar esse cenário. Pensando nisso, a executiva com mais de 20 anos no mercado de inovação e sócia da Liv Up, decidiu criar seu próprio fundo, com previsão de lançamento para o segundo semestre, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que este ano acontece no estado do Pará, no Brasil.

Em entrevista exclusiva ao Startups durante o South Summit, que acontece nesta semana em Porto Alegre, Caroline conta que a tese será investir em climate techs early-stage. Ela foi moderadora do painel Key Takeaways From COP 29: Setting the Stage for COP 30, que aconteceu na manhã desta quinta-feira (10).

Com experiência em grandes corporações, como Nestlé, Danone e Camil, além de startups em estágio growth, como Liv Up e Uber, a engenheira de alimentos atua como investidora-anjo desde 2022, mas busca uma gestora que venture capital que possa entrar como parceira no desenvolvimento do seu novo fundo.

Neste momento de estruturação do fundo, Caroline tem se inspirado em Erica Fridman e Jaana Goeggel, co-fundadoras do Sororitê, fundo de venture capital que surgiu a partir de uma comunidade de investidoras-anjo.

“Elas me apontaram vários caminhos legais, baseadas na experiência delas, que já fizeram esse movimento de partir de anjo para fundo de VC. O ponto é que eu estou buscando um sócio. Um sócio ou uma sócia que tenha experiência no mercado de capitais. Estou conversando com algumas casas e a escolha da casa vai definir um pouco a tese do fundo. O que a gente sabe é que será climate tech early stage”, afirma Caroline.

A decisão de investir em startups com soluções voltadas para o clima surgiu depois que Caroline passou por um período sabático de seis meses na Amazônia, em 2021. A partir daí, ela decidiu unir sua experiência em inovação com o conhecimento de sustentabilidade, e criou uma empresa de consultoria, a eAmazonia, da qual é CEO atualmente.

Com o fundo, a ideia é identificar soluções para dores globais no âmbito climático. “O mercado de venture capital segue muitas tendências de fora, mas é importante a gente conseguir endereçar problemas locais que não sejam uma dor regional, mas uma dor global, buscando tamanhos de mercado com bastante dinheiro na mesa. E que são os problemas que vão crescer e cada vez mais vão precisar de mais alocação de capital”, diz.

Além do fundo de venture capital, Caroline planeja criar um venture studio para atender a startups que ainda não estão maduras o suficiente para começar a receber investimentos de capital de risco. O objetivo é dar instrumentos para que founders talentosos consigam validar suas soluções, ampliando o pipeline de climate techs no mercado.

“Mas só ter o studio sem ter capital não faz sentido. Então hoje a minha alocação de esforços é 100% em viabilizar o fundo”, acrescenta.

Caroline reconhece que o contexto macroeconômico de juros altos e incertezas globais não é exatamente o mais favorável para o mercado de venture capital. Mas sabe que esperar pelo momento perfeito para tirar uma ideia do papel faz com que muitas ideias acabem nunca indo para a frente.

“Quem já está no mercado está tendo bastante dificuldade de levantar rodadas. Mas, ao mesmo tempo, o problema climático é real. É muito material e ele tem impacto real. E você falar que você traz uma solução para um problema real gigantesco e crescente é algo muito bom. Então eu acho que nunca tem tempo fácil. E maré tranquila nunca fez bom marinheiro”, brinca.