Próxima de finalizar seu segundo fundo com foco em agtechs, a SP Ventures pretende manter sua tese setorial no agronegócio, onde acredita que o Brasil tem chances de “protagonizar uma revolução”. Em entrevista ao Startups, Francisco Jardim, sócio geral da gestora de venture capital, acredita que o setor tem um grande potencial de crescimento nos próximos anos.
“O agro brasileiro é parecido com o agro dos Estados Unidos em termos de tamanho, mas os valuations aqui ainda não explodiram como aconteceu em outros setores. A quantidade de dinheiro que veio também não foi tão alta. Mas os fundamentos do setor continuam sendo muito bons”, avalia Francisco.
Quando criou o primeiro fundo, em meados de 2015 e 2016, a SP Ventures encontrou um setor em que o Brasil era líder internacional em múltiplas verticais e com crescimento contínuo durante décadas. Naquele momento, o consenso é que haveria uma maior demanda mundial por alimentos, e o agronegócio precisava encontrar formas de aumentar a produção.
Hoje, com o segundo fundo da casa próximo da sua conclusão, Francisco acredita que o setor tem duas principais necessidades: sair do offline para o mundo digital e se preparar para as mudanças climáticas. “O agro tem uma relação com o clima mais profunda do que outros setores. Adotar modelos de mais baixo carbono e ter uma agricultura adaptada, que consegue ser produtiva com mais incerteza climática, são questões fundamentais. A convergência da tese de segurança alimentar com a crise climática começou a ficar mais nítida”, afirma.
A SP Ventures busca o último investimento para esse segundo fundo, com aporte de cerca de US$ 2 milhões. As agtechs com foco em soluções biológicas estão entre as três teses mais buscadas pela gestora. Nesse nicho, a gestora já investe em empresas como a Decoy, startup de biotecnologia focada na pesquisa de produtos para o controle de pragas. Entre as soluções criadas pela empresa está o uso de fungos contra o carrapato bovino, que além de ser mais sustentável, não contamina a carne e o leite, evitando descarte da produção.
As outras duas teses são na transição para o ambiente virtual, com os marketplaces e as fintechs do agro. “O agro ainda é muito offline. Com a tecnologia é possível digitalizar o processo de leilões, por exemplo, e aumentar a eficiência logística”, aponta Francisco.
Para reduzir o desafio de liquidez para o venture capital, a SP Ventures tem focado em startups early-stage com soluções que possam ser internacionalizadas. “A gente acredita que quando o setor é exposto à concorrência internacional está em um nível de pressão competitiva que obriga a empresa a estar sempre melhorando. E comprar ativos no Brasil é algo que empresas internacionais sempre fizeram”, destaca.