A busca por financiamento é um dos principais desafios das startups, em especial as fintechs de crédito, que além do custo da operação precisam ter dinheiro para emprestar aos clientes finais. Muitas acabam recorrendo ao venture capital, que não é a ferramenta ideal para financiar o crédito. Foi para unir esses dois mundos que a SRM Ventures surgiu, há cerca de dois anos, e hoje tem um portfólio composto por 14 fintechs e R$ 500 milhões sob gestão. O objetivo é investir em 20 a 25 empresas no total.
Braço de venture capital da SRM Asset, gestora focada em operações de crédito, a SRM Ventures é um misto entre venture capital e dívida. Trata-se de uma modalidade que André Szapiro, head da SRM Ventures, chama de “venture credit”.
Nos fundos de venture capital, o investidor realiza aportes na startup em troca de participação acionária na empresa (equity). Acontece que o retorno desse investimento só chega no longo prazo, quando a startup realiza um exit, como a aquisição por outra empresa, ou um IPO, por exemplo. Do lado dos fundadores, também faz pouco sentido abrir mão de cotas da empresa em razão de recursos que não serão usados para o crescimento da operação, mas para a concessão de crédito, uma despesa recorrente.
“Muita fintech estava indo a mercado captar rodada para gastar com crédito, mas esse modelo é muito ruim. Ninguém fica feliz, nem o investidor, nem o empreendedor”, conta André.
Em geral, a solução encontrada por muitas startups são os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), no qual um grupo de investidores “empresta” dinheiro para a fintech que, por sua vez, empresta para o cliente final. No modelo aberto, as cotas podem ser resgatadas a qualquer momento pelo investidor, enquanto no modelo fechado é preciso esperar pelo fim do prazo.
No caso dos aportes feitos pela SRM Ventures, porém, o investimento é convertido em equity, como em um fundo de venture capital tradicional.
“Nós queríamos um modelo diferente para atender às empresas com um olhar de equity. Não é venture debt porque nós emprestamos o dinheiro diretamente para o cliente. É um venture credit. É quase como um aporte com destino bloqueado. Nossa tese é exatamente igual à de um VC, mas nosso modelo tira muito do risco”, explica o head da gestora.
Um dos objetivos da SRM Ventures é ajudar as fintechs a se tornarem bancos para nichos específicos. É o caso da investida mais recente, a Vetwork, que levantou R$ 20 milhões em funding de crédito para se tornar o banco das clínicas veterinárias e petshops. Outro exemplo é a Juvo, que oferece crédito para pessoas de classes D e E, usando o smartphone do cliente como garantia.
O modelo da gestora funciona em três etapas: incubação, montagem do veículo (que pode ser FIDC, debênture ou Fiagro, por exemplo) e exit (M&A).
“Além de dar o capital, nós ajudamos a empresa a montar o produto de forma que ela construa a nossa tese dos mini bancos – ou bancos de nichos. Uma diferença para o FIDC é que nós não emprestamos dinheiro para a startup emprestar. Nós emprestamos direto para o cliente final, então essa dívida não passa pelo balanço das empresas e não afeta a receita líquida”, destaca André.