Dealflow

Strive: "Founder quer ser super-herói, mas no fundo está cheio de problemas"

Por meio de holding, aceleradora de Eduardo Casarini e Tiago Galli quer investir em 15 a 18 startups, com cheques de R$ 500 mil a R$ 1 milhão

Leitura: 4 Minutos
Eduardo Casarini e Tiago Galli, fundadores da Strive | Foto: Divulgação
Eduardo Casarini e Tiago Galli, fundadores da Strive | Foto: Divulgação

Dinheiro é combustível para qualquer negócio, mas não resolve tudo, principalmente quando a saúde mental do founder está em frangalhos. Para Eduardo Casarini, o bem-estar da empresa começa pelo bem-estar do empreendedor. Foi com essa premissa que ele se juntou a Tiago Galli (ex-C6 Bank) e lançou a Strive em 2022. A iniciativa nasceu como aceleradora, mas rapidamente ganhou outro papel: além de apoiar founders, também passou a investir. Já são sete startups no portfólio, via uma estrutura própria que foge do tradicional – não é FIP, nem anjo, mas sim uma holding.

“Funciona como se fosse um clube de anjos. Só que, se fosse investimento anjo, eles escolheriam deal a deal. Como holding eles vão investir no portfólio”, explica Eduardo. Segundo ele, o veículo de investimentos está próximo dos R$ 15 milhões, com o objetivo de chegar a R$ 20 milhões.

A proposta é investir em 15 a 18 startups, com cheques de R$ 500 mil a R$ 1 milhão. “Estamos captando e investindo sem muita pressa, sem entrar no FOMO”, acrescenta o co-fundador da Strive.

Além dos investidores fixos, que realizam aportes por meio da holding, a Strive começou a oferecer recentemente a possibilidade de investir como anjo, em deals específicos, uma categoria chamada por eles de associate. Atualmente, a aceleradora possui cerca de 100 investidores, entre associates e partners.

Boa parte, de acordo com Eduardo, são empreendedores que já passaram pelo ciclo completo e já realizaram saídas. Outro perfil são executivos de empresas de tecnologia, na faixa dos 45 a 55 anos. Em ambos os casos, existe a possibilidade de ajudar a startup com conhecimento, experiência e orientações, além da questão financeira. “Esse não é um compromisso deles, mas são pessoas que adoram empreender e querem estar próximos do ecossistema”, afirma.

A proposta de valor da Strive consiste em oferecer ao founder um acompanhamento mais próximo do que um fundo tradicional de venture capital, com encontros a cada 15 dias. A ideia de ter encontros periódicos veio de Eduardo, que faz terapia há 17 anos, e chegou a vivenciar episódios de burnout.

Ele fundou o site Flores Online, em 1998, e conhece bem as dores dos empreendedores. O objetivo, reforça, não é substituir a terapia, mas tornar a jornada do founder menos solitária.

“Os VCs tradicionais têm um impacto muito importante no ecossistema, mas não foram feitos para apoiar nos dilemas do dia a dia. Eles vão dar capital, ajudar nas rodadas, mas isso muitas vezes isola ainda mais os empreendedores. A Strive surge de tentar um modelo diferente. Falamos sobre estratégia, amigos, família, dinheiro, o que estiver rolando, mas de forma recorrente, como numa terapia”, explica Eduardo.

Para ele, um dos desafios é ajudar o empreendedor a ser vulnerável e reconhecer suas limitações e dores.

“Todo founder quer falar que é super-herói, rock star, que sabe de tudo. Que nada. Está cheio de problemas, sem saber as respostas. É isso que tem que mudar. Se esse founder não tem um suporte real, está quebrado por dentro, é muito difícil. Se sentir acolhido é fundamental, inclusive para que o founder seja resiliente”, diz.