Peter Seiffert, CEO e fundador da Valetec | Foto: Divulgação
Peter Seiffert, CEO e fundador da Valetec | Foto: Divulgação

Selecionada para gerir o Fundo de Investimento em Participações (FIP) da Petrobras, a Valetec Capital quer iniciar os aportes “o mais rápido possível” para aproveitar o cenário favorável do mercado. Com os juros elevados comprimindo a liquidez, investidores com recursos disponíveis encontram um ambiente propício para adquirir fatias de empresas resilientes, com valuations menos inflados e alto potencial de valorização.

“A ideia é fazer o primeiro investimento já no segundo trimestre, se possível. Existe uma janela de mercado excepcional de investimento nos próximos dois anos, e queremos aproveitar as oportunidades enquanto os juros estão altos. Obviamente, queremos que os juros caiam, porque isso é importante para o mercado. Mas isso vai acontecer lentamente até 2028, 2029. Até lá, haverá boas oportunidades. Queremos começar a investir o mais rápido possível”, afirma Peter Seiffert, fundador e CEO da Valetec, em entrevista ao Startups.

Fundada em 2006 por Peter, que é ex-head de planejamento estratégico e Corporate Venture Capital (CVC) da Embraer, a Veletec Capital se especializou no segmento de Corporate Venturing e possui hoje cerca de R$ 1,5 bilhão em capital comprometido. Ao longo da sua história, a gestora estruturou fundos para clientes como Eurofarma (Neuron Ventures), ArcelorMittal (Açolab Ventures), Dexco (DX Ventures), Locaweb (LW Ventures), Vibra Energia (Vibra Ventures) e Ânima Educação (Ânima Ventures).

O CVC da Petrobras foi criado em parceria com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Finep, e terá capital alvo de R$ 500 milhões. Segundo Peter, esse valor deve ser atingido já no primeiro semestre de 2026, para quando é esperado o segundo closing do fundo.

Dos R$ 500 milhões de capital esperado, haverá um capital mínimo para início das operações de R$ 240 milhões, com recursos do BNDES, por meio da BNDES Participações S.A. (BNDESPAR), e da Finep. No entanto, Peter afirma que já há outras duas empresas em negociação para fazer aportes adicionais.

Além de estar em contato com corporações interessadas, a Valetec também está acionando os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) de universidades brasileiras em busca de parcerias para atuar na análise técnica com objetivo de validação e avaliação da escalabilidade das startups do pipeline.

O fundo vai investir em cerca de 15 empresas em estágio seed a growth que desenvolvam tecnologias, produtos e serviços voltados aos setores de transição energética. Os cheques devem ficar em torno de R$ 5 milhões a R$ 90 milhões, dependendo do estágio e do tipo de solução desenvolvida.

“A tese é bastante ampla, indo de hidrogênio verde a mobilidade, então decidimos firmar parcerias para nos apoiar nas análises técnicas nessas áreas específicas. Já conversamos com mais de sete institutos, e a maioria já sabia do edital ou estava envolvido com algum player. O que nos surpreendeu foi a receptividade e rápida adesão ao projeto, que traz muito esse espírito de comunidade”, conta Peter.

Com histórico no segmento de transição energética e descarbonização, a Valetec mostra que existe pipeline nesses segmentos. A gestora atua em fundos como o DX Ventures, da Dexco, cuja tese inclui, por exemplo, descarbonização da construção civil. No Vibra Ventures, segmentos de transição energética e ESG têm destaque.

Apesar de ter experiência nesse mercado, Peter afirma que há desafios. “A maior dificuldade é encontrar deep techs. Por isso, também estamos fechando uma parceria com a Emerge, ecossistema de inovação científica que busca deep techs dentro dos ICTs”, diz.

Os segmentos de atuação das startups que já estão sendo avaliadas pela Valetec incluem descarbonização, eletromobilidade, armazenamento, geração de energia renovável, biocombustível e captura de carbono. “A distribuição geográfica também está bem bacana, com empresas espalhadas por todo o país”, aponta Peter.