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VOX Capital lança novo fundo de growth para investir em impacto

O valor médio dos cheques será na faixa de R$ 10 milhões a R$ 40 milhões por startup; busca é por soluções com impactos social e ambiental

Lívia Brando, sócia e diretora de investimentos da VOX Capital. Foto: Divulgação
Lívia Brando, sócia e diretora de investimentos da VOX Capital. Foto: Divulgação

Falar em investimento de impacto há 15 anos era visto com desconfiança e até mesmo um certo desdém pelo mercado financeiro brasileiro. Hoje em dia, a história é diferente. Em meio a uma crise climática impossível de ignorar e uma nova geração de consumidores e trabalhadores menos disposta a perpetuar desigualdades, soluções de impacto social e ambiental vêm se tornando, cada vez mais, negócios lucrativos.

Fundada em 2009, a VOX Capital nasceu como uma gestora de venture capital especializada em teses de impacto quando pouco se falava sobre o assunto, e acompanhou todas essas transformações no mercado desde então. Hoje posicionada como uma das maiores casas da América Latina, com R$ 1,2 bilhão em ativos sob gestão, a VOX se prepara para lançar seu quarto fundo proprietário, o Tech for Good Growth II, que está em captação.

Em entrevista exclusiva ao Startups, Lívia Brando, sócia e diretora de investimentos da VOX Capital, conta que a ideia é que o novo veículo comece a operar entre outubro e novembro, e que faça o primeiro investimento ainda este ano. O valor médio dos cheques será na faixa de R$ 10 milhões a R$ 40 milhões por startup, com cerca de 10 investidas.

Além dos três fundos proprietários, a VOX também faz a gestão de quatro fundos de corporate venture capital (CVC) para Banco do Brasil, Hospital Israelita Albert Einstein, Copel e, mais recentemente, Natura. Todos com teses de impacto.

Tech for Good Growth

A família de fundos Tech for Good Growth da VOX surgiu em 2021, com o lançamento do primeiro veículo desse tipo, e focando em startups mais maduras, nas séries A e B. Foi também a partir daí que a gestora passou a incorporar a tese de impacto ambiental. Até então, os investimentos eram em startups Seed e Pré-Seed, com impacto social, nas verticais de educação, serviços financeiros e saúde.

“Temos visto uma intensificação de soluções para impacto ambiental, mas não necessariamente no âmbito da transição energética, porque o Brasil já tem uma matriz limpa. Olhamos mais para as tendências de liberalização desse mercado, por exemplo. Além disso, no Brasil, boa parte das emissões vêm de desmatamento e pastagem, então buscamos soluções que vão mexer esse ponteiro”, explica Lívia.

O primeiro fundo de growth investe em nove empresas, sendo três healthtechs (Wellhub, Isa e Omens), uma fintech (Celcoin), uma edtech (Cubos Academy) e três startups de impacto ambiental: Seedz, Octa e Nextron. Para o Tech for Good Growth II, a tese é parecida, com setores diversificados, porém é preciso que a empresa traga soluções que tenham impactos claros no âmbito social e/ou ambiental.

Segundo Lívia, o histórico da VOX no mercado e o fato de já haver dados positivos de desempenho dos investimentos ajudou na captação de investidores para o novo fundo. Além disso, a popularização de termos como o ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) também contribuiu para jogar luz sobre um mercado que, por muito tempo, foi deixado de lado.

“Antigamente era muito difícil, a gente ia bater na Faria Lima e muitas casas não se importavam com isso. Hoje em dia é muito mais fácil até de explicar o que a gente faz. Há 15 anos não tinha nem nomenclatura de investimento de impacto. O ecossistema ainda era imaturo para tecnologia em geral, imagina impacto. Precisaram de mais de 10 anos para comprovar a tese de que essas empresas vão gerar retornos semelhantes ou superiores a qualquer fundo agnóstico para startups de base tecnológica”, diz.