Passada a onda (ou distração?) dos eventos de março de abril no ecossistema de startups e tecnologia, parece que a dura realidade voltou rápido à bater a porta. Na segunda notícia de demissões em apenas dois dias, agora a Zup Innovation, desenvolvedora de tecnologias e produtos comprada pelo Itaú em 2019 fez o seu passaralho.
Segundo informações divulgadas pelo Layoffs Brasil, a companhia fez ajustes que afetaram cerca de 50 profissionais do seu quadro até o momento. Por outro lado, alguns ex-funcionários comentaram nas redes sociais que o número pode ser ainda maior, passando dos 150. Caso o segundo número seja o correto, estamos falando de 5% do quadro de 3 mil colaboradores que a Zup possui.
De acordo com informações que o site levantou junto a funcionários da companhia, reuniões estão sendo marcadas e os funcionários estão sendo comunicados de que “a empresa está mudando sua estratégia e se tornando uma empresa de tecnologia, então cargos de liderança, team lead, POs, UX e QA estão sendo cortados”.
Procurada pela reportagem do Startups, a Zup confirmou os cortes, mas não entrou em detalhes sobre a decisão, o número de pessoas afetadas e as áreas atingidas. Para explicar a reformulação interna, a companhia alegou que avalia constantemente suas unidades de negócio para atender e se adaptar às necessidades dos clientes.
“Os esforços atuais e as recentes movimentações visam especializar os colaboradores e minimizar impacto nos times. A empresa sempre atuou de forma respeitosa e humanizada com todos os colaboradores e, por isso, reforça o compromisso em auxiliar a todos em suas transições”, afirmou a companhia, em nota.
Postura “startupeira”
O movimento da Zup acompanha o que está rolando em outras empresas de tecnologia, que nos últimos anos resolveram adotar uma postura mais “startupeira” para alavancar seus portfólios, trazendo mais profissionais de produto, experiência do usuário e outras competências complementares ao core business de TI.
Outros exemplos são os de companhias como CI&T e Ilegra, que segundo fontes de mercado vem demitindo em massa nos últimos, mas de forma mais discreta e eliminando posições menos conectadas com o cerne de seus negócios.
No caso da CI&T, a empresa não conseguiu segurar os comentários nas redes sociais, já que em março, uma lista com mais de 120 nomes circulou nas redes, trazendo boa parte das pessoas dispensadas pela companhia.
Criada em 2011 em Uberlândia, a Zup tem quatro produtos open source no mercado e uma série de desenvolvimentos específicos para os clientes.
Em 2019, o Itaú pagou R$ 293 milhões por 51% da empresa, se comprometendo a adquirir mais ao longo dos próximos anos. O banco era cliente da Zup antes da aquisição. A empresa também atende a nomes como Via Varejo, Sodexo e Elo.
Em 2021, pouco tempo após a aquisição, a Zup anunciou uma grande reformulação de sua marca, se posicionando mais como uma startup e até abrindo uma nova sede em São Paulo, com um ambiente totalmente em linha com a estética “startupeira”.