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A cidade de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, tem menos de 45 mil habitantes, mas ao longo das últimas décadas se consolidou como um polo de desenvolvimento de tecnologias de telecomunicações. O motivo está na presença de duas importantes instituições de ensino, a Escola Técnica de Eletrônica (ETE), fundada em 1959, e o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), fundado em 1965.

Com a cultura de inovação tecnológica latente na cidade, o instituto decidiu criar, em 1999, a incubadora Inatel Startups, para incentivar a cultura empreendedora e apoiar as empresas fundadas pelos alunos e ex-alunos. Mas, este ano, a incubadora decidiu expandir e apoiar também startups de outras cidades e estados, de forma híbrida ou 100% remota.

A decisão veio depois que o Inatel foi selecionado pelo governo federal, em maio do ano passado, para ser o Centro de Competência Embrapii em Tecnologia e Infraestrutura de Conectividade 5G e 6G, tecnologias que vêm sendo pesquisadas pelo instituto nos últimos dez anos.

Com isso, o Centro receberá investimentos de R$ 60 milhões, que vão ser aplicados em um período de 42 meses, em uma série de ações que combinam ampliação e fortalecimento de competência científica e tecnológica em PD&I; formação e capacitação de recursos humanos; associação tecnológica (modelo membership), além de atração e criação de startups.

Em entrevista exclusiva ao Startups, Rogério Abranches, coordenador do Inatel Startups, conta que, para atender a empresas de todo o país, todos os eventos da incubadora passarão a ser híbridos, inclusive rodadas de negócios, palestras e hackatons.

“Nesse momento, queremos aumentar muito nossa capacidade de criação e apoio a startups, com foco em 5G e 6G. Vamos continuar com as outras temáticas, mas com um olhar especial para isso. Também acabamos com a regra de apoiar apenas empresas que tivessem ex-alunos na composição societária, e vamos passar a incubar empresas do Brasil inteiro e até do mundo”, diz.

Em Santa Rita do Sapucaí, das 160 empresas de tecnologia existentes, mais de 70 foram criadas com o auxílio do Inatel Startups, gerando atualmente cerca de 1,5 mil empregos diretos e R$ 550 milhões de faturamento anual.

O programa da Inatel Startups possui três fases: ideação, pré-incubação e incubação. “A fase da ideação é bem embrionária. É quando a startup vai verificar a dor do cliente, entender qual o problema que ela vai resolver. Depois, nós validamos a solução na pré-incubação e, na incubação, trazemos a solução validada no mercado e pronta para as primeiras vendas”, explica Rogério. Segundo ele, 72 startups já se graduaram, ou seja, passaram por todos esses processos.

Depois que saem da incubadora, as empresas podem atuar em qualquer mercado, mas o coordenador do Inatel Startups diz que a maioria permanece em Santa Rita por conta do ecossistema que se formou na cidade. Entre os casos de sucesso da incubadora estão as empresas Alba Energia, Ativa Soluções e Amicus, além da 4intelligence, graduada em 2019, que recebeu aporte financeiro e atualmente possui um escritório no Inatel com mais de 100 funcionários.

“Além de toda a estrutura da Inatel e apoio, nós ajudamos na captação de recursos, seja venture capital ou com agências de fomentos, em que temos bastante experiência. Nossas startups têm um índice alto de aprovação em editais de captação de fomento”, aponta Rogério.

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