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Nos últimos anos, as edtechs têm se posicionado como importantes agentes transformadores do cenário de educação global. Na América Latina, elas já são quase 15% dos negócios que impactam a região, aliando-se à tecnologia para promover acesso a um número cada vez maior de pessoas e contribuir para a democratização do ensino de qualidade.

A informação é da Fundação Dom Cabral (FDC), que realizou um mapeamento inédito sobre o aumento do empreendedorismo latino-americano com impacto social. A partir de uma base de dados com mais de 2.380 empreendedores sociais de 25 países, a escola de educação executiva identificou que 57% das edtechs atuam no Brasil e 40% têm ramificações na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México, Paraguai e Peru.

Cerca de 40% das empresas da região atuam no modelo B2B, 30% no B2B2C e outros 30% estão dispersas entre o B2C, marketplace e P2P. As áreas de atuação são variadas, abrangendo desde empresas de ensino de idiomas e formação técnica até aquelas voltadas para o ensino de programação, educação financeira, apoio à educação básica e parcerias com organizações do terceiro setor. Em termos de faturamento, 25% das edtechs registram até R$ 10 mil por ano, 50% entre R$ 50 mil e R$ 500 mil, e outros 25% movimentam mais de R$ 500 mil. A maioria (65%) dos negócios têm 10 funcionários e 20%, entre 10 e 20 colaboradores.

Segundo a pesquisa, todas as edtechs da região atendem ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 4, da Organização das Nações Unidas (ONU). Ou seja, têm foco na Educação de Qualidade. Outras 85% têm ênfase no ODS 8 (Trabalho Decente e Desenvolvimento Econômico) e no ODS 10 (Redução das Desigualdades). 

“O desafio que as empresas nascentes do setor de Educação na América Latina enfrentam é muito semelhante. Basicamente, se concentram em prover infraestrutura e recursos tecnológicos de vanguarda para uso nas comunidades menos providas de recursos (periferias)”,  afirma  Fabian Salum, professor e líder da pesquisa pela Fundação Dom Cabral, em nota. Ele acrescenta que a qualidade do ensino, o corpo docente e as fontes de financiamento são fatores que impactam diretamente na capacidade de criar e capturar valor nas startups mapeadas no estudo.

Mercado em ascensão

Como um dos players de maior relevância no Brasil, a FDC cita o Alicerce Educação, startup de impacto social criada com a missão de levar educação de alta qualidade a um preço acessível para todas as idades. A proposta atraiu a Rise Ventures, que em meados de 2023 liderou a rodada série B da companhia, de R$ 40 milhões. No Chile, o destaque vai para a Two Dices Studios, que produz jogos para educação financeira com abordagem ética e contextual sob dinâmica lúdica de RPG.

“Os empreendedores sociais buscam solucionar problemas que não foram resolvidos por políticas públicas adequadas e que limitam o crescimento brasileiro e latino-americano. A pesquisa correlacionou o crescimento das startups de empreendedorismo social com a criação das 17 ODS estabelecidas pela ONU. Ou seja, com a divulgação da agenda global para a formulação e implementação de políticas públicas que guiarão a humanidade até 2030”, pontua Fabian.

O cenário das edtechs no mercado latino-americano se transformou de forma significativa na última década. Em 2009, os empreendedores sociais de todos os setores da economia representavam 2,4% do número de empreendedores da América Latina. Embora o percentual tenha caído nos anos seguintes, chegando a apenas 0,5% em 2011 e 2012, o setor recuperou o fôlego a partir de 2015, quando a taxa de criação de empresas com foco no empreendedorismo social chegou a 4,3%.

No ano seguinte, o volume desses negócios já representava 6,7% do total da região, saltando para 17,8% em 2018 e 19,4% em 2019. No entanto, depois veio uma nova queda. Os números alcançaram 16,8% em 2020, 11,1% em 2021 e 3,8% em 2022 – movimento atrelado principalmente aos efeitos negativos da pandemia de Covid-19. Com a recuperação, a expectativa é que este número volte a crescer nos próximos anos.

Nesse contexto, a Fundação Dom Cabral vem investigando empresas de empreendedores sociais, chegando a criar o Selo iImpact para reconhecer as melhores práticas geradoras de impacto positivo.

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