*Por Renato Pezzotti, especial para o Startups
As fusões e aquisições no agro estão em ritmo de crescimento no Brasil. Um estudo da PwC aponta que foram efetuados 56 M&As no agronegócio nacional até agosto deste ano – no mesmo período do ano passado haviam sido 43. Os números foram apresentados durante o 2º dia do AgTech Meeting 2023, evento realizado pelo hub de inovação AgTech Garage em Piracicaba (SP).
“O agro está mais resiliente e mais focado nos M&As. A participação do setor ainda é tímida no geral, mas há um enorme potencial e muita oportunidade”, afirmou Leonardo Dell’Oso, sócio líder da prática de deals da PwC Brasil.
Dell’Oso participou do painel “O que esperar dos M&As de startups no agronegócio – um recorte inédito do movimento no setor” ao lado de Nelson Bechara, sócio fundador da Noon Capital Partners; Marcelo Pimenta, líder de Agronegócios da Serasa Experian; e Renato Girotto, diretor de produtos da Brain Ag.
Apesar do mercado em geral estar enfrentando dificuldades em anunciar novos acordos, o executivo da PwC destaca que a desaceleração no agro tem sido menor do que nos outros setores. “Os M&As estão em declínio: há uma queda de 23% no geral até agosto, quando comparado com 2022. No agro, porém, a queda foi menor, de 17%”, disse.
Aversão ao risco e falhas na comunicação
Para Marcelo Pimenta, da Serasa Experian, o declínio é normal. “Nos últimos 3 ou 4 anos existiam grandes apostas. Depois da pandemia, há uma atenção para a estratégia de crescimento em cada setor e uma certa aversão ao risco”, declarou.
Bechara destacou, também, que a comunicação entre as partes é fundamental. “Muitas vezes, as partes não falam a mesma língua, há um desequilíbrio de forças. Apenas 1 a cada 150 negócios dá certo. O fundamental é administrar expectativas, alinhar discurso e contexto. M&A não é só dinheiro: quando há o foco só nisso, tem tudo para dar errado”, afirmou.
Girotto, da Brain Ag (startup de big data que foi adquirida pela Serasa Experian em abril de 2021), ainda reforçou que falta um pouco de maturidade do mercado para entender o agro – e como será a integração entre setores.
“Se eu pudesse, daria 3 dicas para quem está negociando: escolher muito bem com quem você casa; alinhar bem as expectativas, principalmente em relação a investimento e retorno; e buscar uma assessoria especializada, para uma operação bem estruturada”, disse.