Para Benedict Evans (analista britânico de tecnologia bastante reconhecido no Vale do Silício), a inteligência artificial não é uma salvação da humanidade: é apenas tecnologia, assim o computador pessoal, a internet ou o smartphone – que também foram considerados disruptivos um dia. Foi esse olhar provocador que o executivo levou ao Startup Summit na última sexta-feira (29), no painel AI Eats the World.
“A IA resolve um problema que é fácil de explicar para um estagiário ou um adolescente”, disse durante a palestra. Questionado pelo Startups sobre essa fala, o executivo se descreveu como um centrista. “Acho que o desafio sempre é lembrarmos do senso de encantamento que tivemos quando vimos um iPhone pela primeira vez, quando vimos a web, quando vimos um PC, quando mandamos nosso primeiro SMS. E agora isso parece entediante e banal”, complementou.
Ou seja, na visão do executivo, apesar da aura de complexidade que envolve o tema, a inteligência artificial deve ser encarada como qualquer outra inovação do passado. A tecnologia impressiona no início, mas tende a se tornar apenas mais uma ferramenta essencial no cotidiano.
Isso já pode ser percebido em coisas simples, uma vez que diversas soluções de inteligência artificial foram implementadas na nossa rotina desde o “boom” do ChatGPT em 2023. Sem perceber, passamos a ficar rodeados pela tecnologia.
Um exemplo disso seria a própria extinção do Google Assistente, que está marcada para acontecer até o final de 2025 para dar lugar ao Gemini. A alteração foi anunciada pela big tech em março deste ano e, desde então, o Gemini tem, gradualmente, ocupado espaço nos dispositivos móveis. O mesmo ocorre com a integração do DeepSeek em celulares chineses.
De IA a um mero software
Nessa jogada de passado e presente, ainda durante o painel, Evans compartilhou a visão de que “a IA é tudo aquilo que as máquinas não conseguem fazer ainda”. Para isso, o executivo fez três comparações diferentes, demonstrando que tudo o que era visto como inteligência artificial antigamente, passou a ser reconhecido como um mero software:
- Databases: Em 1975, memória “super-humana”. Em 2025, software.
- Machine learning: Em 2015, inteligência artificial. Em 2025, software.
- LLM: Em 2025, inteligência artificial. Mas, talvez, em 2035, passe a ser um mero software.
Para o analista, mudanças bruscas acontecem no meio da tecnologia em um período de 10 a 15 anos, o que ajuda a retirar essa visão de algo impressionante e super inteligente para se tornar algo extremamente comum.