HackTown 2025

Brasil precisa de caminhos próprios para inovação, dizem especialistas

Durante painel no HackTown, especialistas destacaram que o fortalecimento do ecossistema nacional deve partir da própria comunidade, sem depender de modelos externos

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HackTown 2025
Beatriz Bevilaqua, Ferdinando Kun, Rogers Pereira e Lívia Oliveira, durante painel no HackTown 2025 (Foto: Startups)

O fortalecimento do ecossistema de inovação no Brasil depende de uma mobilização conjunta entre comunidade e poder público. Ainda assim, a transformação precisa começar de dentro, e empreendedores não devem esperar por ações externas para começar a atuar. O tema foi debatido no segundo dia do HackTown, nesta sexta-feira (1º), em Santa Rita do Sapucaí (MG).

“A comunidade tem que se mexer independentemente do apoio do poder público”, afirmou Ferdinando Kun, líder de comunidade e desenvolvedor de ecossistema no UberHub, iniciativa dedicada ao ecossistema de startups, inovação, tecnologia e empreendedorismo de Uberlândia (MG). Para ele, o apoio governamental é essencial, mas não pode ser o ponto de partida. “Fortaleça seu movimento para que, quando entrarem as políticas públicas, elas sejam facilitadoras. Elas são importantíssimas, claro, principalmente em relação à formação de talentos.”

Segundo Ferdinando, a preparação de pessoas é determinante para evitar que o setor se torne restrito a poucos. Ele lembra ainda que o país tem espaço para novos empreendedores justamente porque enfrenta inúmeros desafios. “É comum ouvir que no Brasil a gente consome, mas não produz. No entanto, a gente tem algumas coisas fora da curva acontecendo, e a questão de IA tem impressionado”, destacou.

Rogers Pereira, diretor-executivo da Join.Ville e country manager da Trusted Health, reforçou a importância de valorizar as particularidades brasileiras em vez de importar modelos prontos de outros países. “Temos que parar de copiar frames de fora só porque deu certo, sem entender os princípios por trás. Lá tem muito dinheiro, muito recurso, outro estágio de maturidade. Isso é bom por um lado, no entanto, os torna mais preguiçosos. No Brasil somos muito mais criativos, pois a necessidade aumenta a criatividade”, afirmou. Para ele, a escassez de recursos acaba se transformando em um estímulo à inventividade local.

Nesse mesmo sentido, Lívia Oliveira, produt owner na Arkmeds, destacou que metodologias externas não podem ser simplesmente aplicadas à realidade nacional. “Não dá para trazer uma metodologia do Vale do Silício na nossa realidade, sem adaptar para o contexto brasileiro”, disse, reforçando que a construção de soluções deve considerar os contextos e desafios próprios do país.