Mais que uma conferência

BSV amadurece e terá ações além do evento em abril

BSV chega à sua sétima edição com planos para manter uma agenda contínua de atividades e produção de conteúdo

Em sua sétima edição, a BSV acontece novamente no Google
Em sua sétima edição, a BSV acontece novamente no Google (Foto: Divulgação)

Fazer as malas e ir para o Vale participar da Brazil at Silicon Valley (ou BSV para os íntimos) virou um compromisso certo para quem atua no ecossistema de inovação. As palestras com importantes nomes, e as conexões com a nata do mercado fazem da BSV um dos eventos mais importantes – e cobiçados – do calendário.  

Mas no ano em que chega à sua sétima edição, a BSV quer deixar de ser vista apenas com um evento que acontece durante dois dias no mês de abril. Com o amadurecimento do formato e sua crescente relevância, o plano é transformar a marca em algo perene, que se mantém ativa o ano inteiro.

“O objetivo da BSV é ser essa ponte entre Brasil e Vale do Silício, democratizar a informação. Então a gente entende que concentrar tudo em apenas um evento o ano inteiro acaba sendo muito pouco. Por isso estamos pensando em formas de compartilhar conhecimento em ocasiões que não sejam apenas no próprio evento”, conta Isabella Canazza, estudante de MBA em Berkeley, private equity e venture capital manager do Google, que entrou como voluntária na organização da BSV em 2023 e agora faz parte do conselho.

Para fazer isso, a BSV investirá em uma produção de conteúdo mais frequente nas redes sociais, em podcasts e outros formatos, além de engajar com a recém-criada comunidade no WhatsApp, que tem a participação de quem já esteve presente em alguma edição,  e estará aberta também a de quem gostaria de receber conteúdos ou ser convidado para participar em algum momento.

Essa produção será tocada por uma agência de marketing, a Monking, contratada para trabalhar o ano todo. De acordo com Isabella, ter a agência fixa resolve parte de um problema da BSV, que é a rotatividade voluntários. Organizado por alunos brasileiros de Berkeley e Stanford, a BSV sofre com a falta de continuidade em seu quadro já que boa parte dos estudantes fica apenas um ano no Vale. “De maio de um ano a setembro do seguinte era sempre aquele limbo. Agora, a agência é uma coisa contínua. Independentemente do time que vai chegar, a comunicação se mantém”, explica ela.

A Monking também deu uma renovada na marca da BSV, ajustando cores e tom de voz. No espírito de democratização de informações, Bruno Rigonatti, associate da McKinsey e membro do conselho da BSV desde 2022, conta que a ideia é usar mais o português nas comunicações para ajudar na aproximação dos temas. “A gente nunca vai falar só em português porque existe a necessidade de criar uma marca nos EUA para conseguir atrair participantes. Mas nas redes sociais a gente vai reforçar esse perfil de nivelamento de informações”, diz.  

Para Bruno, isso é ainda mais importante agora, com o desenvolvimento da inteligência artificial. A avaliação é que está se abrindo um gap de conhecimento e talentos por conta da velocidade das mudanças. E a BSV tem um papel de ajudar nessa conexão com o que acontece no Vale.  

Nos planos está ainda a realização de encontros de menor porte ao longo do ano. Os spin offs, como estão sendo chamados, ainda não estão formatados com patrocinadores, mas poderão acontecer no Brasil – a questão a ser resolvida é a falta de gente para fazer isso fora dos EUA.

Com quase quatro mil pessoas tendo passado por suas cinco edições presenciais e uma virtual realizada durante a pandemia, a BSV decidiu aprimorar o entendimento dessa base e passou a usar uma ferramenta de CRM para gerenciar esses contatos.

Instituída como uma organização sem fins lucrativos, a BSV sobrevive com patrocínio de marcas. E nesta expansão de atuação, Bruno e Isabella dizem que a organização está tranquila com o apoio e o estímulo dos parceiros. Segundo Isabella, foram patrocinadores que sugeriram a criação dos spinoffs, por exemplo.  

Agenda da BSV

A BSV deste ano terá três dias, indo de 21 a 23 de abril. Não que a conferência tenha aumentado sua grade de conteúdo. É que a organização decidiu incorporar oficialmente à agenda o tradicional encontro de abertura que acontece na véspera do primeiro dia de palestras. O local ainda não foi definido.

Assim como ano passado, as palestras serão realizadas no Google, que é um dos patrocinadores do evento por meio de seu programa para startups, o Google for Startups. Além da Big Tech, a conferência traz outros nove nomes como apoiadores em 2025: CRM Bonus, Cubo, Fundação Lemann, Grupo Boticário, iFood, Pinheiro Neto Advogados, SoftBank, Stark Bank e Warburg Pincus. Segundo Isabella, a meta de patrocínios foi batida e superada no ritmo mais acelerado da história da conferência.

Outro recorde é de representatividade feminina: 28% dos 600 convites. De acordo com, elas foram privilegiadas na primeira onda de convocação, como uma forma de estimular a aceitação. Esse ano a ideia é repetir a sessão com foco em mulheres que fez sucesso em 2024. Ainda no tema diversidade, a parceria com a Do Silêncio ao Silício, para estimular a presença de empreendedores negros e negras se mantém.  

Edição 2025 da BSV terá novamente uma sessão focada em mulheres
Edição 2025 da BSV terá novamente uma sessão focada em mulheres. (Foto:Divulgação)

Como tema para 2025, a BSV adotou o Embracing Resilience, que reflete o momento da conferência e do mundo. Dentre os nomes confirmados para o palco até o momento estão Celine Halioua, fundadora e CEO da Loyal, uma empresa de saúde animal que está desenvolvendo os primeiros medicamentos para prolongar a vida de cães; Felipe Meneses, cofundador da empresa de IA Hyperplane, comprada pelo Nubank; Konstantine Buhler, sócio da Sequoia Capital; e Jeffrey Bussgang, cofundador da Flybridge Capital e professor da universidade de Harvard. “A inteligência artificial já saturou de ser o único assunto. Tem outras coisas legais acontecendo no mercado”, pondera Bruno. Isabella conta que a lista de convidados para assistir o evento este ano ganhou um maior enfoque nas corporações:15% a 20% dos nomes. “Se a missão da BSV é influenciar o Brasil, a gente tem que trazer as empresas tradicionais que movem a economia. A essência continua sendo startups, venture capital, inovação e tudo mais. Mas a gente começa a trazer mais essa audiência corporate”, explica Bruna.