Quem passou pelo Febraban Tech 2025 talvez tenha se perguntado se estava mesmo em um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do setor financeiro ou em um parque de diversões corporativo. Em meio a debates sobre IA generativa, open finance e cibersegurança, o que também chamou atenção foram as ativações nos estandes: teve quadra de tênis, de basquete, autorama, robô humanoide e até sessão de massagem.
Mais do que chamar a atenção, essas iniciativas fazem parte de uma estratégia clara das empresas para atrair visitantes, gerar conversas e, claro, criar conexões de valor. Em um evento com centenas de expositores disputando a atenção de um público altamente qualificado, proporcionar experiências sensoriais ou interativas virou uma forma eficaz de se destacar – e, mais do que isso, de estabelecer um primeiro ponto de contato com possíveis clientes.
Por trás de cada ativação, há objetivos bem definidos: reforçar posicionamento, tangibilizar produtos de tecnologia muitas vezes abstratos, gerar lembrança de marca e até medir impacto em tempo real.
Conversamos com quatro marcas que apostaram nessas experiências imersivas para entender o que está por trás das ações: da expectativa de conversão à construção de marca, passando pelo velho (e ainda necessário) networking olho no olho.
Confira, a seguir:
Oracle
A Oracle investiu em uma ativação que combina elementos de velocidade, dados e inteligência artificial para destacar sua atuação no setor de tecnologia. O estande contou com um humanoide, símbolo do investimento contínuo da empresa em inteligência artificial e automação, e um “videogame” (simulador) da Oracle Red Bull Racing, iniciativa que remete à parceria entre as duas marcas.
Segundo Janaina Tobita, Diretora de Marketing para Oracle Brasil, a ativação foi pensada para gerar engajamento com o público, provocando “impacto, conexão emocional e conversas relevantes”. A empresa afirma que experiências como essa reforçam o papel da Oracle como parceira estratégica na jornada de inovação de seus clientes.
QI Tech
A QI Tech apostou em uma ativação que reforça sua cultura de alta performance e atendimento de excelência: uma quadra de tênis com o desafio do saque mais rápido. Por trás dessa escolha, está o desejo de destacar a importância de uma equipe ágil e precisa, que acompanha o cliente desde a preparação, passando pela execução, até o pós-jogo, garantindo maiores chances de sucesso em toda a jornada.
O tênis, esporte que carrega um certo glamour e desperta bastante interesse no público brasileiro, foi a estratégia para transmitir os valores da empresa. “Agilidade e precisão são fundamentais para entregas de primeira classe, com SLA quase em tempo real, e esses são os nossos maiores diferenciais no mercado”, explica Luis Felipe Cunha, sócio da QI Tech.
A ativação atendeu às expectativas da fintech desde o primeiro dia, com filas de pessoas interessadas e grande movimentação ao longo do evento. “O engajamento esperado foi conquistado desde o início. As pessoas gostaram muito da experiência e conseguimos nos conectar com um grande número de clientes atuais e potenciais, então dá para dizer que a ativação foi um grande sucesso”, avalia o executivo.
Essa não é a primeira vez que a QI Tech aposta no esporte como estratégia para transmitir seus valores e sua cultura. Em 2024, a startup levou uma ativação de golfe ao Febraban Tech e, segundo Luis Felipe, a experiência passada, somada à deste ano, reforça a excelência que a empresa busca oferecer aos clientes. “Hoje temos um grupo financeiro com uma SCD e uma DTVM 100% operacionais, além de 60 produtos e serviços que acompanham os clientes durante toda a jornada do crédito. Conseguimos utilizar a Febraban Tech para fortalecer a experiência e a entrega de primeira classe que a QI pode oferecer”, pontua.
BMP
O BMP, por sua vez, apostou em um ecossistema que resumisse as ações em cada parte do estande: business (área comercial), multimedia (área de conteúdo) e play (área de ativação). O intuito foi fazer uma jogada com a sigla da instituição financeira e construir um significado para a ação de cada parte do estande. Confira a divisão:
Business (comercial)
Focada em conversão de negócios e relacionamentos, a área comercial continha mesas e cadeiras para os interessados se sentarem.
Multimídia (conteúdo)
A área multimídia contou com um grande painel onde eram apresentados conteúdos feitos pela instituição.
Play (ativação)
Por fim, a área de play – a mais chamativa do stand. Com uma pequena quadra de basquete, a ativação fez sucesso a ponto de criar filas no entorno do stand.
A ideia veio da história Carlos Eduardo Benitez, atualmente CEO do BMP e ex-jogador de basquete. O executivo atuava nas quadras há cerca de 35 anos, mas acabou deixando o esporte após um período em que, segundo ele mesmo, desistiu de voltar à forma e retomar a carreira.
Essa desistência, que até hoje considera um incômodo, tornou-se um ponto de virada – e também de reflexão — em sua trajetória pessoal e profissional. “Talvez todo o meu esforço, a minha resiliência na empresa, tudo que eu construí, está vinculado à fraqueza que eu tive em determinado momento”, disse o CEO em entrevista.
Segundo Carlos Eduardo Benitez, a relação com o esporte começou a se refletir na marca ainda em 2018, quando percebeu que elementos como estratégia, foco e resiliência – comuns tanto no basquete quanto no mundo dos negócios – poderiam ajudar a comunicar os valores da BMP.
A ideia deu certo, a ponto da empresa começar a adotar a famosa “quadra de basquete do BMP” nos eventos. Neste ano, foram distribuídas duas mil bolas no Febraban Tech — parte de um lote de mais de quatro mil, importado para todas as ativações de 2025.
Delphix
A Delphix chamou atenção com um autorama, aquele clássico circuito de corrida em miniatura. Segundo Flavia Lauletta, Gerente de Marketing para a América Latina, a escolha estava longe de ser aleatória.
A startup, especializada em soluções de mascaramento e virtualização de dados, buscava uma forma lúdica de traduzir seu slogan: agilidade com segurança de ponta a ponta. “A ideia foi criar uma conexão direta entre a nossa solução e a experiência no estande”, afirma a Gerente de Marketing. “A proposta da Delphix é mostrar que, por estarem anonimizados, os dados estão seguros e, por terem sido virtualizados, se tornam ágeis. O autorama transmite justamente essa noção de velocidade”, explica.
Mais do que divertir, a ativação foi pensada como um chamariz para atrair visitantes ao estande e, a partir daí, apresentar a solução da empresa. “A gente sempre procura trazer atrações que as pessoas se interessem”, comenta Flavia Lauletta.
O engajamento do público foi reforçado com sessões de happy hour e conversas olho no olho. No estande, além do autorama, a empresa contou com especialistas disponíveis para esclarecer dúvidas e apresentar a solução aos interessados. “Mesmo quem não tiver interesse na solução vai lembrar da Delphix e de que se divertiu conosco”, destaca.
Na prática, a empresa mede os resultados da ação considerando diferentes níveis de interação, desde o número de pessoas que visitaram o estande e participaram da atração até o volume de reuniões realizadas e demonstrações ao vivo. A partir desse primeiro funil, os leads mais promissores avançam para novas etapas de conversa e negociação. “Tudo começa com atrair interesse, e o autorama é uma dessas formas”, resume a executiva.
Por que disputar os holofotes no Febraban Tech?
Com números recordes, o Febraban Tech é uma espécie de “vitrine” para empresas que querem se posicionar como inovadoras e estratégicas no mercado. Nos três dias da edição de 2025, o evento atraiu 58 mil visitas e contou com 271 expositores.
Para as marcas, as ativações criativas funcionam como porta de entrada para conversas e, até mesmo, conversões em negócios. Estar no Febraban Tech é mais do que marcar presença: é disputar espaço em um palco onde se discutem temas como o futuro do setor financeiro, inovação e tecnologia.