A cobertura especial do Startups no Gramado Summit tem apoio da Sólides.
2021 foi um grande ano para os founders e para quem fez exit. Entretanto, para quem assinou cheques gordos e agora está às voltas com uma realidade de downrounds, a coisa não é bem assim. “Quem não investiu pesado naquela época ficou inicialmente com dor de cotovelo, mas hoje tá dizendo aleluia”, disparou Gabriel Alves, um dos sócios da Headline.
A Headline foi um dos fundos que participaram do segundo dia de Pitch Reverso no Gramado Summit, que trouxe três visões diferentes de investidores, todas dentro do segmento do ecossistema que muitos dizem ser o mais aquecido. A Angel Investor Club trouxe a visão do investidor-anjo, que assina cheques bem no início da vida das startups. Já a WOW trouxe o lado das aceleradoras, enquanto a Headline apresentou a sua tese para startups early stage, mas não tão early.
Segundo o sócio da Headline, não ter feito grandes investimentos nos últimos dois anos acabou sendo uma “felicidade inesperada”, preparando a companhia para o novo fundo que ela levantou no ano passado, em que se capitalizou em R$ 915 milhões para investir em cerca de 25 startups nos próximos cinco anos. “Nossa meta é fazer um investimento a cada dois meses”, pontuou o gestor.
O mais recente investimento da gestora liderada por Romero Rodrigues foi na healthtech Fin-X, que levou um cheque de R$ 7,8 milhões. Antes disso, o primeiro investimento do fundo foi na Smart Break, que recebeu de R$ 36 milhões para escalar sua operação de mini-mercados autônomos.
No caso da WOW, a tese não é assinar cheques na casa dos milhões, o que segundo o Head de Aceleração e Portfólio, Filipe Garcia, tem garantido um ritmo constante de investimentos e turmas de aceleração no que ele chama de “super early stage”. “Investimos em startups que ainda estão buscando o seu product market fit, com cheques iniciais de R$ 300 mil”, explica.
Entretanto, com o novo momento do mercado, Filipe deixa claro que, mesmo as startups que ainda não encontraram o seu MVP precisam ir além de um bom PPT para chamar a atenção da aceleradora e entrar em um de seus batches. “Hoje não há mais espaço para aventureiros como aconteceu há algum tempo”, pontua.
Para Anderson Diehl, da Angel Investor Club, mesmo no estágio do investimento-anjo, o espaço para apostas se reduziu e até a visão de futuro foi ajustada. “O desafio agora é encontrar os camelos do que prever quem pode ser unicórnio”, afirma o executivo.
Entretanto, segundo ele, a visão ainda é otimista, talvez até mais do que antes, pois com a correção dos valuations, as novas startups terão a rentabilidade desde o dia zero do negócio. “A meta é fazer a startup ser rentável só com o meu cheque”, dispara.