O caminho que uma startup percorre até o sucesso é como estar em uma montanha russa: tortuoso, com altos e baixos. Não existe uma fórmula mágica para garantir o êxito, e sim uma jornada construída em etapas para atestar a maturidade e escalabilidade do negócio – ideação, validação, operação, tração e scale-up.
No entanto, na ânsia em ter sua solução rodando logo no mercado e começar a ganhar dinheiro, muitos empreendedores acabam pulando tais fases, ou ainda, não esperam o tempo necessário para ganhar maturidade em cada uma delas. Como diz a expressão: “dão o passo maior que a perna”.
“Um dos maiores erros de startups é investir todos os seus recursos em soluções que ainda não têm certeza sobre o fit com o mercado. Querer escalar algo que não está pronto é enxugar gelo. Resolva todos os problemas antes de acelerar”, afirmou Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé e líder da gestora Headline, durante painel no Gramado Summit, nesta sexta (12).
Segundo ele, o período que compreende o zero ao MVP (Produto Mínimo Viável) hoje em dia ficou mais fácil. O difícil está no percurso do MVP para o PMF (Fit do Produto com o Mercado), quando o produto ou serviço da startup e o mercado alvo finalmente atingem o equilíbrio. A partir daí, a empresa pode realmente começar a escalar.
“Para descobrir o fit de mercado tem que passar um tempo com os clientes, entender realmente qual é a dor, e aí vem o insight. Um produto que se vende sozinho funciona muito bem. Precisa de muita criatividade e guerrilha para atingir o público alvo e começar a crescer”, reforçou o investidor.
Investimentos em 2024
Com mais de R$ 900 milhões para formar um portfólio de até 25 startups nos próximos quatro anos, a Headline tem os olhares voltados para algumas questões chave nas suas potenciais investidas – este ano entre 2.500 e 3.000 companhias vão passar pelo processo de análise da gestora de venture capital.
Ainda de acordo com Romero, para investir em uma startup, a gestora analisa três capítulos: tamanho de mercado, a dor resolvida e o time. “Um fundador tem que ter o magnetismo de atrair gente boa, ter em sua equipe pelo menos um especialista do segmento em que quer atuar”, acrescentou Romero dizendo que é zero prescritivo como investidor, que seu papel é ser provocativo.
Durante o painel, o empresário também deu sua opinião sobre a ascensão da inteligência artificial e aproveitou o ensejo para reforçar que IA virou um clichê. “Cada vez mais startups se apresentam dizendo que usam IA, mas muitas delas, na verdade, não são empresas de inteligência artificial, apenas utilizam ferramentas de terceiros com IA. O mais importante é ter um produto bem adequado para o mercado, e apresentar boas métricas”, comentou.