A cobertura especial do Startups no Gramado Summit tem apoio da Sólides.
O fechamento de empresas como Grin, Yellow e a Grow (que nasceu da fusão das duas primeiras) deixou um buraco no coração da Faria Lima. Hoje restam apenas as lembranças de pegar um patinete elétrico para ir até o seu restaurante favorito na Tabapuã. Entretanto, uma startup gramadense tem nos seus planos atender estes “órfãos de patinete” de São Paulo. É o caso da Pulga, empresa de mobilidade que aposta em pequenas cidades e microrregiões para sustentar seu modelo de negócio.
“Somos uma empresa de patinetes e mobilidade urbana que dá lucro, o que nem todo mundo acredita”, diz Lucas Dias, fundador e CEO da Pulga, empresa que nasceu em Gramado e hoje atende mais duas cidades: a vizinha de Gramado, Canela, e Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Caso vocês tenham percebido, as três cidades atendidas pela Pulga tem suas coisas em comum: são cidades menores, com cobertura geográfica reduzida e com perfil turístico. Segundo o CEO da Pulga, isso não é por acaso: a companhia teve seu início em 2019, mas aos poucos viu que apostar em um caminho mais nichado seria o seu meio para a rentabilidade.
“Começamos com uma tese de mobilidade urbana geral, e com o fechamento das grandes empresas com teses semelhantes, nós tomamos um susto e tivemos que repensar. Por outro lado, como nosso começo foi em Gramado, percebemos que o apelo turístico também cumpre um papel importante e adaptamos nosso modelo de negócio”, pontua Lucas, em entrevista ao Startups.
De acordo com o CEO, o que fez a diferença no modelo da Pulga foi a decisão de criar estações virtuais, colocadas em pontos físicos dentro da área de cobertura – para isso, a empresa faz parceria com lojas, restaurantes e outros pontos de alta circulação, em que usuários podem retirar e deixar seus patinetes, com o auxilio do app da startup.
“É um modelo que nos permitiu ter mais controle da movimentação, saber onde os patinetes são mais usados, e evitar alguns problemas que empresas no modelo ‘free-float’ (onde pessoas podiam pegar e deixar patinetes em todo lugar) enfrentavam”, avalia o CEO.
Pulinhos de pulga
O nome da startup não é por acaso – ou por um nome divertido. Na visão do fundador, ela se estende à estratégia de expansão do negócio, que aposta em pequenas cidades e microrregiões para colocar suas estações. “Começamos pequeno, de forma enxuta, e vamos proliferando a partir do quanto nos é demandado, ou recuamos caso não seja rentável”, diz Lucas.
Atualmente, a empresa já conta com mais de 100 estações e cerca de 300 patinetes em sua frota, resultado de um investimento de R$ 1,7 milhão desde o começo da operação – e que contou com o apoio de um investimento-anjo e uma rodada pré-seed no ano passado, que saiu do bolso da companhia de software que desenvolveu o software por trás do app da Pulga.
Apesar de não divulgar dados de receita, Lucas aponta que a companhia cresce a um ritmo de 140% ao ano – e a meta para os próximos cinco anos é chegar a 50 cidades e microrregiões dentro de cidades maiores. “Para impulsionar este plano, pretendemos levantar uma rodada seed, para investir mais em tecnologia e nossa nova frota, que já está em desenvolvimento”, ressalta.
Entretanto, para o CEO, a expectativa não é a de acelerar tão rápido. “Pensamos em uma expansão mais controlada, que pode ser exponencial de acordo com a receptividade do mercado. Em um ano podemos abrir em cinco cidades, 10 no segundo, 15 no terceiro”, explica.
O que é um pontinho amarelo?
Um detalhe interessante: ao observar os patinetes da Pulga circulando pelos corredores do Gramado Summit, o nosso editor Gustavo Brigatto cravou: “Estes patinetes eram da Yellow!”. Indagado sobre a suspeita, o CEO da Pulga confirmou: parte da frota da companhia foi comprada em um leilão de ativos que a empresa de mobilidade deixou para trás após seu fechamento.
“São patinetes novos que a Yellow comprou, mas chegaram após o fechamento da companhia, não foram faturados e foram a leilão dois anos atrás. Foi um baita negócio para expandir nossa frota”, disparou o executivo.
Entretanto, o plano da Pulga, além de pular para outros territórios, é o de ter seus próprios modelos, otimizados para o novo software que a startup deve lançar em breve.
Pra fechar – e voltar ao assunto do começo, perguntamos se uma das microrregiões na mira envolve a Faria Lima, e ele não escondeu a vontade de atender uma das regiões que marcou o uso de patinetes no país. “Queremos ir para lá, conhecer as empresas de perto e colocar estações na porta de cada uma, mas ficando dentro de nosso conceito de microrregião”, finaliza Lucas.